Uma reflexão sobre Teologia da Libertação e Renovação Carismática Católica.
Por Márcio Oliveira Elias
“Ó Senhor, eu espero a tua libertação!” (Gênesis 49,18). Contemplamos esse breve versículo sob a importância da liberdade para o servo do Senhor, desde o princípio dos tempos bíblicos. Contemplamos, também, o processo orgânico da oração na vida do servo do Senhor, nesta mesma perspectiva, elevando seu desejo à Omnisciência Divina. Podemos, assim, aprofundar a compreensão do que significam a libertação e a oração no projeto salvífico, considerando o contexto da vontade caridosa da Trindade Criadora para as suas criaturas.
Precisamos pontuar que existe uma agressividade contraditória às expressões “libertação” e “oração” no discipulado cristão católico, como se estes fossem movimentos antagônicos e excludentes entre si. Fieis leigos e leigas, como também clérigos, tomam os termos “libertação” e “oração” como caminhos de sentidos opostos, imprimindo preconceitos que somente podem ser explicados pela ignorância teológica, ou por uma conveniência ideológica nocente, fragilizando as consciências imaturas na fé e na caridade.
Em Gênesis 1,26-27 vemos a criação do ser humano à imagem de Deus Trino; corpo e espírito que destacam a dignidade e o valor da vida humana, significando o propósito divino do amor e da liberdade. Indica que Deus é pessoal e relacional, e deseja ter um relacionamento íntimo com cada ser humano, respeitando a sua individualidade e autonomia.
Em Êxodo 3,7.9 o Senhor afirma: “Eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos. (...) Agora, eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios”. A liberdade é um bem de valor incomensurável, e a oração se apresenta como um canal propício de comunicação transcendente entre o humano e o divino.
Em Deuteronômio 3,23-25, Moisés ensina o povo liberto a orar e agradecer. Observamos mais adiante, em Deuteronômio 15,7-11, o Criador instruindo sobre o próximo necessitado, nos direcionando à uma atitude de generosidade compassiva e de libertação do egoísmo.
O primado da caridade vemos nos textos de Deuteronômio 6,5 e Levítico 19,18, que resumem o “mandamento do amor” inserto no coração do povo de Israel em sua formação identitária: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5); “Não te vingarás; não guardarás rancor contra os filhos de teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor” (Lv 19,18). O diálogo com Deus se dá num ambiente de oração e de libertação gratificantes.
Essas breves passagens do Pentateuco são uma singela constatação de que “oração” e “libertação” andam aos abraços no Primeiro Testamento, pois a tradição hebraica orienta os fiéis ao exercício de uma liberdade orante, ou de uma oração libertadora (como se queira expressar); demonstra que a postura do justo deve ser concentrada em atitudes de amor ao próximo, sob o discernimento que a oração lhe traz no seu caminhar vivencial.
O Segundo Testamento é literalmente ‘pródigo’ na simbiose entre “oração” e “libertação”. Mateus 5,17 nos afirma que Jesus diz: “Não julgueis que vim abolir a Lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição”. Nesta perspectiva, o Messias consolida a tradição hebraica, que orienta os crentes ao exercício da liberdade orante, ou da oração libertadora, como se queira a contento denominar.
Jesus de Nazaré, o Logos encarnado, declara que conheceremos a verdade, e a verdade nos libertará (João 8,32); portanto, se a sua Palavra é libertação, nós de fato seremos livres em plenitude no seu seguimento (João 8,36). No texto de João 17 apreciamos o Cristo orante por seus discípulos, mas também por todos que se dispuserem a viver a liberdade do Amor Criador (Jo 17,1-2): “Jesus levantou os olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti; e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste”.
O texto de João 17 é uma oração orgânica realizada por Jesus de Nazaré, ensinando-nos o caminho da verdade e da vida, libertando a humanidade das amarras do pecado e da morte.
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos”, esta é uma ponte entre o Primeiro Testamento (Isaías 61,1) e a Boa Notícia que o evangelista Lucas (4,18-19) nos traz, enfatizando a tradição de liberdade e oração hebraica, proclamada na sinagoga de Nazaré por Jesus, o Cristo.
O evangelista Lucas, médico grego e único nominado autor não judeu nas Sagradas Escrituras, nos mostra o ensino orante de Jesus e sua orientação ao acolhimento dos mais necessitados, descrito em detalhes no texto evangélico (Lc 11,1-13). Jesus ensina que devemos nos preocupar com os pobres e oprimidos, pois ajudar os necessitados é fundamental para as doutrinas bíblicas.
Certamente o discurso evangélico onde “oração” e “libertação” estão em sintonia fina é o “Sermão da Montanha” (Mateus 5-7). Nesta extensa passagem, Jesus fala sobre a natureza do Reino de Deus e ensina sobre a postura ética cristã em sociedade, incluindo as bem-aventuranças, o papel do discipulado no mundo e o cumprimento compassivo dos mandamentos divinos. Ensina sobre as prioridades corretas para o bem viver, exortando a não colocar a confiança nas ilusões terrenas, que são passageiras e podem corromper o coração; os melhores tesouros são do céu, que são eternos. Jesus destaca a importância de não servir a dois senhores (ao Senhor Deus e às riquezas), mas sim a dedicar-se inteiramente ao serviço fraterno e justo, querido pelo Santo Criador de todo o universo.
O Verbo Divino, Jesus de Nazaré, orou pelas crianças, pelas mulheres, pelos doentes e por todos os marginalizados, que viviam na exclusão social e cultural de seu tempo. Ele os dignificou e os reconheceu para a sociedade judaica, como pessoas libertadas da opressão e do preconceito trazidos por leis e códigos morais hipócritas, como diversas vezes definiu os doutores e as autoridades israelitas, que oprimiam os desvalidos.
Jesus de Nazaré, o Cristo Redentor, é a libertação e a oração “in persona”; é o amor em comunhão com a vontade de Deus Pai, que livremente abre mão da eternidade para se doar à humanidade. Suportou em oração a tão penosa cruz, que estava predisposta no pecado e no ódio dos incrédulos; desmascarando os desejos indignos e as mentiras dissimuladas dos eruditos arrogantes e desumanizados. A libertação e a oração são sinônimos do amor humanizante em Cristo:“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (João 14,6).
Agora visitando o contexto histórico contemporâneo, a 25 de janeiro de 1959, o Santo Papa João XXIII anunciou a intenção de convocar um novo concílio ecumênico da Igreja Católica Apostólica Romana. Seguiu-se um intenso período de preparativos, convocatórias e elaboração de documentos, que envolveu todo o mundo católico. São João XXIII, no Natal de 1961, observando os grandes problemas da humanidade e a pobreza espiritual e material das pessoas, ouvindo o parecer do episcopado, decidiu publicar a constituição apostólica “Humanae salutis”, convocando o 21º Concílio Ecumênico Vaticano II.
Em 11 de outubro de 1962, finalmente, e perante cerca de 2.500 cardeais, bispos e superiores de congregações e ordens religiosas, reunidos na Basílica de São Pedro, o Papa João XXIII abriu o Concílio Vaticano II, exortando os presentes à reflexão sobre os problemas e os desafios da Igreja, no seu contexto interno e no mundo moderno. Participaram das sessões conciliares assessores teológicos, como também estavam convidados e presentes alguns observadores protestantes e ortodoxos, em clima fraterno e cristão.
O Concílio Vaticano II busca o arejamento e a renovação de toda a Igreja: a Missa passa a ser em língua local, não somente em latim; a Bíblia é estimulada para que todos a leiam e a possuam; os leigos e leigas adquirem maior espaço de participação e comunhão. A oração inicial que abre o Concílio, feita pelo próprio Papa foi: “Renovai Senhor, nos dias de hoje, as mesmas graças abundantes de Pentecostes”.
A Constituição Dogmática “Lumen Gentium” (LG 9), produzida no Vaticano II e promulgada pelo Santo Papa Paulo VI, afirma que “este povo messiânico tem por cabeça Cristo, «o qual foi entregue por causa das nossas faltas e ressuscitado por causa da nossa justificação» (Rm 4,25) e, tendo agora alcançado um nome superior a todo o nome, reina glorioso nos céus. E condição deste povo a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujos corações o Espírito Santo habita como num templo”.
A “Lumen Gentium” (LG 10) continua afirmando ao Povo de Deus “que todos os discípulos de Cristo, perseverando na oração e louvando a Deus (cf. At 2,42-47), ofereçam-se a si mesmos como hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus (cf. Rm 12,1), deem testemunho de Cristo em toda a parte, e àqueles que lhe pedirem deem razão da esperança da vida eterna que neles habita (cf. 1Pd 3,15)”.
Observamos claramente o movimento simbiótico dos valores da liberdade e da espiritualidade na contextualização da “Lumen Gentium”(LG), que define a Igreja Católica contemporânea. A Luz dos Povos é Jesus Cristo, afirma o documento dogmático, portanto, deseja-se uma comunidade cristã ardentemente iluminada por Sua Palavra, que deve resplandecer para toda a humanidade, anunciando o Evangelho a toda a criatura (LG 1, cf.Mc 16,15).
Em derradeira consciência das Sagradas Escrituras, da Tradição e do Magistério da Igreja, a Teologia contemporânea compreende que Jesus de Nazaré pregou a libertação e a oração em todos os espaços de sua caminhada existencial, se fazendo exemplo de ser humano autêntico e digno do projeto de vida da Trindade Criadora. Somos chamados a ser comunidade fraterna, uma Igreja sacramento de salvação (LG 1), vivenciando o mistério salvífico de Deus Trindade para a humanidade, como sinal de seu amor incondicional, proclamando a libertação das amarras ideológicas, relativistas e hipócritas do mundo, restaurando cotidianamente a nossa fé pelo exercício da oração edificante e digna.
O Concílio Vaticano II reconheceu a leigas e leigos como partícipes do movimento eclesial; fiéis que assumem a vida cristã com o propósito amoroso de dar continuidade à evangelização. Movimentos e manifestações populares de fé sempre existiram, mas agora estão inseridos como Povo de Deus na caminhada frutuosa da Palavra Encarnada, Jesus de Nazaré.
No cenário propício inaugurado solenemente pelo Vaticano II, surgem dois movimentos de extrema relevância para o arejamento da Igreja Católica: a Renovação Carismática e a Teologia da Libertação. Como faces distintas de uma mesma medalha consagrada e santificante, esses movimentos representam a exata proposta de libertação e de oração na proclamação do Evangelho de Cristo, sob olhares distintos.
A Renovação Carismática Católica propõe o testemunho da Efusão do Espírito Santo, a partir de uma vida transformada e orante; uma “vida no Espírito”, comprometendo-se com a oração proativa de ser o “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14). É um movimento que vem responder à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todas as pessoas, que assumem as esperanças e as direciona ao seu Santo Reino.
O movimento da Renovação Carismática defende com a lucidez evangélica que a ação do Espírito Santo de Deus está presente em toda a história da humanidade, pois Ele renova a sua Igreja diuturnamente. Apresenta-se com a dinâmica da Glória Divina, transformando e restaurando vidas, denotando particular espiritualidade e professando o amor na cultura de Pentecostes. O nosso querido Papa Francisco, na 37ª Convocação da Renovação, na Itália (2014), resume o sentimento pelo movimento: “Vocês, Renovação Carismática, receberam um grande dom do Senhor. Vocês nasceram de um desejo do Espírito Santo como ‘uma corrente de graça’ na Igreja e para a Igreja. Esta é a sua definição: a corrente de graça”.
A Teologia da Libertação se apresenta inserida no ensino da Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” (GS), promulgada no Vaticano II, que em seu Proêmio nos mostra o rosto da Igreja: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história” (GS 1).
O movimento da Teologia da Libertação também está fundado na Doutrina Social da Igreja (DSI), um corpo doutrinário da Igreja Católica inaugurado pela Encíclica “Rerum Novarum” (1891), do Papa Leão XIII, constituindo orientações filosóficas e teológicas que promovem diretrizes éticas para a melhor organização econômica e política das sociedades humanas.
A DSI é um compêndio de documentos eclesiais, nos recordando que a missão da Igreja é preparar o caminho para o estabelecimento do Reino de Deus na Terra; seu propósito é, primeiramente, desenvolver os atributos cristãos na vida das pessoas e, em segundo lugar, transformar a sociedade para que o mundo se torne um lugar melhor e mais pacífico para se viver. A DSI é a divina humanização em Cristo por excelência.
A Renovação Carismática e a Teologia da Libertação possuem visões distintas de atuação na evangelização, mas não são antagônicas, pois, como já vimos, Jesus de Nazaré, o Cristo Redentor, é oração e libertação “in persona”. Contudo, há que se reconhecer um fundamentalismo relativista presente em alguns grupos nestes movimentos; pessoas que se afastam da Sagrada Teologia (muitas por fragilidade consciencial, outras por conveniência nocente), se deixando envolver por ideologias neoliberais ou marxistas, revestindo-se de erudição e academicismo, criando uma perversa cizânia no seio da Igreja.
No atual contexto histórico globalizado e hiper interativo, as ideologias se disfarçam de discursos teológicos que provocam fabulações da realidade, em detrimento da verdade do Evangelho, fazendo as pessoas se agarrarem com fanatismo e obstinação a algum movimento extremista, ou alguma pessoa, ou algum âmbito memorial de suas frustrações. As ideologias passam a funcionar com um eixo na idolatria, criando heróis ocasionais, tratados como divindades da modernidade, avaliando aquilo que é bom e o que é mau, dirigindo as escolhas de pessoas fragilizadas pelo medo ou pelo ódio, fazendo e ditando as prioridades das ações que lhe são convenientes, reivindicando para si uma devoção, adoração e fidelidade cegas, em apoio a seus projetos de poderio político e econômico.
A Igreja Católica, ao longo de sua caminhada histórica, sempre enfrentou crises de credibilidade e contestações, vindas desde a Idade Média. As críticas à Santa Sé tratam de questões como as riquezas nas mãos da Igreja, a corrupção de clérigos, os abusos do poder etc. Demonstrações de insatisfação com a Igreja Católica se arrastam por séculos, mas o arejamento do Vaticano II e a coragem dos sucessores de Pedro vão enfrentando os problemas antigos e novos que se apresentam.
Na contemporaneidade, o fenômeno das mídias interativas e das redes sociais propiciaram um exponencial aumento das críticas e dos ataques à Igreja, algumas vezes sob argumentos bem arrazoados e articulados; mas também proliferam discursos falaciosos e desprovidos de credibilidade, que alcançam divulgação rápida e promovem desinformação tóxica. Pessoas e grupos que se afirmam católicos “tradicionalistas” ou “progressistas”, promovem a difamação das instituições católicas, mas não pela defesa concisa da sã doutrina teológica, e sim pelo alinhamento rasteiro com as suas ideologias e seus convenientes desejos de poderio.
Neste momento de contradições relativistas e atentados ideológicos aos fiéis da Igreja, a Renovação Carismática e a Teologia da Libertação se tornam ferramental imprescindível ao combate da idolatria e dos extremismos. É somente com a compreensão sadia da graça de Jesus que os efeitos controladores das ideologias perdem a sua força. Os debates de Jesus com os mestres e doutores da lei nos revelam o seu senso crítico e a sua sabedoria racional, utilizada para destronar a hipocrisia.
Quando deixamos que as ideologias nos tomem a consciência, substituímos o caminho da retidão de uma fé amadurecida, pelo atalho da desordem de desejos fugazes que os ídolos nos ofertam. Necessário saber que, sempre que nos sentimos obstinados a algum tipo de intolerância (ou desânimo, ou falta de alegria, ou ira, ou preconceito, ou ansiedade), estamos lidando com as sequelas de uma frustração depositada por um “herói de barro”.
A Carta Encíclica“Fides et Ratio”, do Sumo Pontífice São João Paulo II, inaugura a sua apresentação na seguinte e luminosa bênção:“A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio”.
Modelando a nossa vida pela obra salvífica de Jesus Cristo, e nos seus efeitos em nossa própria vida, é que podemos repudiar os “altares ideológicos”que se pretendem edificar em nossos corações. É preciso entender a razão da libertação que Jesus nos ensina no Evangelho; é preciso nos alegrar com a oração que o Cristo nos proporciona à compreensão da Santa Trindade. Paulo Apóstolo nos traz sua orientação ao livramento das amarras ideológicas do seu tempo, mas que permanecem vívidas para o seu exercício no tempo presente: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão” (Gl 5,1); “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração” (Rm 12,12).