Por Fides
Foto: Moses Sawasawa
Já são mais de 400 mortos, mas o número está destinado a aumentar. É o primeiro balanço de vítimas das inundações que ocorreram em 4 de maio, inundando o território de Kalehe, na província de Kivu do Sul, leste da República Democrática do Congo, especialmente as aldeias de Bushushu e Nyamukubi.
O número de vítimas aumentará à medida que as águas recuarem, revelando os corpos dos desaparecidos. Além das vítimas, há muitos feridos internados em centros de saúde locais e em Bukavu, a capital provincial.
As operações de socorro continuam, dando prioridade ao enterro dos corpos para evitar o surto de epidemias. As primeiras ajudas na forma de medicamentos, barracas e suprimentos do governo provincial de Kivu do Sul chegaram ao local no último sábado, de acordo com fontes no local. O Presidente Félix Tshisekedi decretou luto nacional.
A tragédia ocorreu na noite de 4 a 5 de maio, quando chuvas torrenciais atingiram a área de Kalehe, transbordando rios e riachos que correm pelas encostas da região. As águas transbordaram rapidamente e, misturadas com lama, destruíram as casas nas encostas das colinas.
Segundo os moradores locais, a catástrofe foi facilitada pelo fato de que as áreas habitadas devastadas pela enchente estão localizadas na base de colinas que nas últimas décadas sofreram um intenso processo de desmatamento, ligado não apenas ao aumento da população, mas também à intensificação das atividades agrícolas e pecuárias e à exploração de recursos minerais como coltan, ouro e cassiterita, matérias-primas valiosas para a indústria global, mas das quais as populações locais não se beneficiam. Além da agricultura e pecuária, a pesca e o comércio de pequena escala são as principais atividades da população local.
Já em 2014, chuvas torrenciais causaram fortes inundações na área de Kalehe, resultando em pelo menos 40 mortes, e em 2002-2003 ocorreram outras enchentes trágicas. Os habitantes das aldeias afetadas se perguntam se essas tragédias poderiam ser evitadas por meio da segurança da terra, especialmente iniciando o reflorestamento da área e demolindo as numerosas casas construídas nas margens dos rios, que não apenas representam perigo mortal para seus habitantes, mas também contribuem para impedir o fluxo regular da água em caso de transbordamento.