Por padre Luis Miguel Modino/Ascom Celam
Fotos: Fabrício Preto
Após quatro semanas de intenso trabalho, conversa espiritual e discernimento comunitário, as Assembleias Regionais da Etapa Continental do Sínodo 2021-2024 foram concluídas com a Assembleia do Cone Sul, realizada em Brasília, de 6 a 10 de março.
Trata-se de um processo que é levado a cabo em todo o mundo, como recordou o dom Jorge Lozano, que lembrou que a participação nas Assembleias da América Latina e do Caribe se baseou no número de habitantes e dioceses de cada país, procurando reunir o que tornará possível produzir a Síntese Continental a ser enviada à Secretaria do Sínodo antes de 31 de março.
O arcebispo de San Juan de Cuyo, na Argentina, e secretário-geral do Celam, participou desta vez como delegado, envolvendo-se nas comunidades de discernimento, uma experiência muito agradável pelo fato de poder aprofundar a escuta, aprofundar o discernimento, pensar em propostas em conjunto com outros irmãos.
Por esta razão, o arcebispo disse que viveu este momento com um coração agradecido a Deus e ao Santo Padre por esta convocação, agradecendo também a dom Joel Portella, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pelo acolhimento fraterno. O Brasil teve uma grande participação neste processo sinodal, salientou dom Joel Portella, que insistiu que o processo continua e que o encontro foi uma sala de aula de sinodalidade, algo que se aprende fazendo.
Um processo que, no caso do Paraguai, como salientou a Blanca Patricia Palacios, responsável pelo processo sinodal no país, foi levado a cabo em continuidade com a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e no contexto do Ano do Laicato, com trabalhos nas diferentes dioceses que criaram as suas equipes sinodais, acompanhadas pela Conferência Episcopal, que desenvolveu ferramentas e realizou duas reuniões para partilhar estas experiências.
Blanca Patricia disse que se sentia reforçada como leiga pelo fato de “reconhecer o nosso papel como leigos e agentes pastorais”. Estes são processos que ajudam no crescimento da fé e permitem “ajudar os outros a crescer para que todos tenham uma voz e um lugar na Igreja”, tendo sempre presente que “o objetivo é ser discípulos missionários de Jesus”. Uma realidade também vivida por Sonia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), que definiu este momento como uma oportunidade para o Espírito indicar caminhos e ajudar os leigos, especialmente no Ano Vocacional que o Brasil está vivendo, a retomar a sua vocação de responsabilidade na Igreja a partir da eclesiologia do Concílio Vaticano II.
Estas assembleias regionais são vistas pelo padre Pedro Brassesco como “uma experiência de aprendizagem de uma nova forma de ser Igreja”, reaprendendo a ser uma Igreja mais participativa que pode entrar em comunhão com o objetivo da missão de chegar a todos, especialmente aos mais pobres.
O secretário-geral adjunto do Celam enfatizou o método, a atitude de escuta, algo fundamental, mas a que não estamos habituados, porque na Igreja se procura mais falar, e aqui a escuta tem sido reforçada. Sublinhou também a importância da oração, porque “não foi um encontro programático, mas um encontro baseado na presença de Deus no nosso meio, que fala através dos nossos irmãos e irmãs”.
Ao falar dos resultados do processo, estes aparecerão na elaboração de uma síntese continental, que juntamente com a síntese dos outros continentes permitirá a elaboração de um Documento de Trabalho para a Assembleia Sinodal em outubro de 2023. Destacou também a boa recepção do Documento para a Etapa Continental, “a partir das nuances nas diferentes formas de viver a Igreja em cada uma das regiões”.
O padre Brassesco disse estar agradavelmente surpreendido com o envolvimento e entusiasmo dos 400 participantes nas 4 assembleias da Etapa Continental na América Latina e Caribe, metade dos quais leigos e leigas, procurando ser uma Igreja missionária que leva a atender às diversas realidades.
Não podemos esquecer que este é um processo de dois sentidos, que deve ser mantido ativo, como disse dom Joel. Esta foi uma experiência muito boa, não só nas comunidades de discernimento, com a presença de diferentes países, mas em todos os momentos e ambientes, sublinhou dom Lozano.
Neste sentido, “se há algo de maravilhoso nesta fase, é a comunhão que vem da partilha, através do método de conversa espiritual que nos desafia a escutar, pois é pela escuta que empatizamos. A comunhão é criada a partir da experiência de Deus e da Igreja, quando nos conhecemos, que nos faz companheiros de caminho, superando dificuldades, como a língua”, disse Blanca Patricia Palacios.
Na Assembleia, sublinhou a coordenadora do processo sinodal no Paraguai, a questão do clericalismo foi abordada a todos os níveis e é vista como um tema a ser abordado na Assembleia Sinodal em outubro. Também destacou como uma nova questão a promoção da participação das mulheres na tomada de decisões, para poder participar com voz e voto. Sonia Gomes de Oliveira destacou entre estes temas a formação integral, procurando quebrar estruturas ultrapassadas a fim de superar o clericalismo num processo de conversão.
Segundo o padre Pedro Brassesco, diferentes expressões encontraram um caminho comum para alcançar uma grande sinfonia que foi expressa no final de cada um dos encontros, algo manifestado no grande entusiasmo demonstrado em continuar com isto, que ele vê como fruto do Espírito, e assim reavivar a Igreja para encontrar novos caminhos e deixar para trás os medos.