Garífuna de Honduras, Santiago Ruiz vem dedicando sua vida à ciência e à pesquisa social destes “povos afro-indígenas” que se estabeleceram desde os tempos coloniais nas Américas Central e do Norte.
Por Ángel Morillo / ADN Celam
Desde 2016 Santiago Ruiz é o coordenador da Pastoral Garifuna em Honduras, nomeado por Monsenhor Miguel Lenihan, na Conferência Episcopal. Ele tem um pós-doutorado e doutorado em antropologia latino-americana, ambos da Universidade da Flórida (EUA).
Ele recebeu o prêmio nacional de ciência “José Cecilio Del Valle”, concedido pelo governo de Honduras, através do Ministério da Educação, em 2018.
Em julho de 2022, foi realizada a primeira Assembleia Eclesial Garífuna, em Honduras. Santiago fez parte deste evento que reuniu diversos povos das Américas Central e do Norte. Este evento é resultado dos desafios que surgiram da Assembleia Eclesial da América Latina, realizada no México em 2021.
Povos afro-indígenas
Em “Rostos e Vozes”, produção de entrevistas do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), Santiago explica a etimologia da palavra “Garífuna”. A este respeito, o estudioso aponta que é uma palavra de origem caribe-arhuaco, cujo substrato lingüístico tem origem no dialeto Kalìpona.
No século XVI, este dialeto foi o mais utilizado no Caribe. De fato, fontes históricas mostram que com a chegada de Colombo, os povos originais utilizaram Kalìpona. Por esta razão, a Universidade de Porto Rico “procura recuperar a identidade lingüística destes povos, que foi adotado pelos exilados da África”, ou seja, aqueles que são conhecidos hoje como os Garífunas.
Os povos africanos que chegaram a esta região do Caribe convergiram com as culturas indígenas dos Caribes e Arawaks, e nesta dialética social, onde os conquistadores minimizaram a importância destas áreas, surgiu a língua Garífuna.
Por esta razão, estes povos que nascem desta confluência – os Garífunas – são afro-indígenas, para “não renunciar a nenhuma das dimensões culturais históricas”, já que “dizer que são apenas afrodescendentes seria renunciar ao seu idioma, cuja base é totalmente indígena; mas física e ritmicamente são afros”.
Seguir acompanhando às periferias
Santiago pede para que siga o trabalho pastoral da Igreja, para continuar preservando o tesouro cultural destes povos, que tomaram o Evangelho como guia para seu modo de vida ancestral e, acima de tudo, convida toda a Igreja a continuar acompanhando estas periferias, como o Papa Francisco pediu.
Ele confia que todos os esforços da primeira Assembleia Eclesial Garífuna darão frutos a curto prazo, pois foi alimentada por vários processos sinodais, como a Assembleia Eclesial ALC e o Sínodo Amazônico.