O Menino Jesus quer de nós a sua centralidade, num visível e favorável ambiente, com as marcas da simplicidade, da modéstia e do comedimento, no amor ao próximo.
Por Geovane Saraiva
O Natal cristão de verdade, sim, no Menino Jesus que vamos encontrar na manjedoura, na mensagem que percorre o mundo, aquele que o infinito imutável e irrevogável nos manifestou em Jesus de Nazaré, que desceu do céu, que, segundo Afonso Maria de Ligório, “desceu das estrelas”. Ele quer de nós a sua centralidade, num visível e favorável ambiente, com as marcas da simplicidade, da modéstia e do comedimento, no amor ao próximo, começando com o mais próximo.
Que o Natal, verdadeiramente cristão, encontre eco em nós, não deixando espaço para aquela profética palavra de João Batista na sua pregação: “raça de víboras” (cf. Mt 3, 7ss). Lugar, sim, para que o anúncio, incômodo e provocador de João Batista, deixe clara a necessidade de contrariar a realidade contraditória vivenciada por ele, na acolhida do seu clamor, naquilo que causa enorme prejuízo à íntegra mensagem por ele proclamada, dizendo não à indiferença.
Notória é a necessidade de um cristianismo longe da indiferença, que tanto mal fez e continua fazendo, mas um cristianismo com Cristo; repetindo: ele no centro, porque a “vida eterna que estava no Pai se manifestou” na comunidade dos batizados, na disposição de preparar o caminho do Senhor. Nosso tempo, mais do que nunca, requer dos corações encascalhados, pelas ilusórias vantagens do mundo, que se neutralizem a insensibilidade e a indiferença, na confiança de um “Deus que é luz e nele não há vestígio de trevas” (1 Jo 1, 1-5).
No mistério da encarnação, temos resposta infinitamente maior e superior a qualquer indagação que se possa ser sugerida pelas criaturas humanas. Deus mesmo, pelo Filho, mergulha na nossa vida finita, passageira e relativa; mergulha na nossa miséria. Pensemos, pois, no Deus que, sendo infinito e absoluto, sofre junto conosco e com toda a humanidade, num amor ilimitado. É a redenção em nosso meio, como diz São João: “De tal modo Deus amou o mundo, que, por ele, entregou seu Filho único” (Jo 3, 16).