O período do Advento é-nos proposto como preparação para a vinda do Senhor que se encarna na Virgem Maria para entrar na nossa vida e dar-nos a sua salvação.
Por Darci Vilarinho *
Na liturgia do domingo passado, o profeta Isaías convidou-nos a caminhar na luz do Senhor, para poder escutar a sua Palavra e o próprio Jesus, no Evangelho, convidou-nos a vigiar para acolher o Senhor quando vier, no tempo que nós não sabemos.
O Advento é um período de espera da vinda do Senhor na história de cada um de nós e de toda a humanidade para ser vivido na alegria e na esperança.
No segundo domingo do Advento, a liturgia convida-nos à conversão necessária para acolher a Cristo. A personagem principal deste 2º domingo de Advento é João Batista que aparece no deserto da Judeia, a proclamar: “Arrependei-vos, porque está perto o Reino dos Céus”. A conversão é o centro da pregação dos profetas e será também o centro do anúncio de Jesus: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”
O homem que desde o início foge de Deus é chamado a inverter a sua marcha, a sua maneira de pensar e agir. Somos chamados a colocar Deus no centro, não a nós mesmos com os nossos ídolos!
Aos fariseus e saduceus que acorriam ao rio Jordão para o batismo da água, João Batista adverte-os para que esse gesto não seja um ato amorfo e vazio em si mesmo, mas acompanhado de obras concretas que mostrem a sua conversão: “Praticai ações que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer ‘Abraão é nosso pai’”. Jesus dirá também: “Nem todo aquele que diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos Céus”.
A verdadeira conversão tem que ser acompanhada por obras que manifestem uma mudança de vida efetiva. Logo a seguir, João Batista proclama que “toda a árvore que não dá fruto será cortada e lançada ao fogo”.
Que o Espírito Santo nos dê luz para entendermos o rumo da nossa vida e fortaleça a nossa vontade para produzirmos frutos que permaneçam. É Deus quem nos converte.
Apraz-me colocar aqui a voz do Papa Francisco, também ele um profeta do nosso tempo, que nos convida a compreender e acolher a graça de uma conversão quotidiana:
“Estimados irmãos e irmãs, quantas vezes também nós sentimos a exigência de uma mudança que transforme a nossa pessoa inteira! Quantas vezes dizemos: «Devo mudar, não posso continuar assim… Ao longo deste caminho, a minha vida não dará fruto, será uma existência inútil, e eu não serei feliz!». Quantas vezes pensamos assim, quantas vezes… E Jesus, ao nosso lado, com a mão estendida diz-nos: «Vem, vem ter comigo
Sou eu que faço: mudarei o teu coração, transformarei a tua vida, far-te-ei feliz!». Mas nós acreditamos nisto ou não? É assim! Jesus, que está ao nosso lado, convida-nos a mudar de vida. É Ele, mediante o Espírito Santo, que semeia em nós esta inquietação para mudarmos de vida e sermos um pouco melhores. Portanto, aceitemos este convite do Senhor, sem lhe opor resistências, porque somente se nos abrirmos à sua misericórdia encontraremos a verdadeira vida, a autêntica alegria. Nós só lhe devemos escancarar a porta, e Ele fará tudo o resto. Ele faz tudo; quanto a nós, compete-nos abrir de par em par o coração para que Ele possa curar-nos e fazer-nos progredir. Asseguro-vos que assim seremos mais felizes”. (Audiência de 18 de junho de 2016).
Acolher o Evangelho neste domingo do Advento significa abrir a porta da própria vida àquele que João Batista definiu como o mais forte, aquele que já está no meio de nós e nos quer batizar no Espírito Santo e no fogo para queimar o que não presta e reorientar para Ele toda a nossa vida.