“Sheltering” (O abrigo) é uma escultura de bronze em tamanho real, abençoada por Sua Santidade o Papa Francisco, na Praça de São Pedro, em Roma. A obra mostra a figura de um sem-teto abrigado por um cobertor, puxado por uma pomba voando.
Por Antonella Rita Roscilli *
A escultura foi inaugurada no dia 9 de novembro, poucos dias antes do 6º Dia Mundial dos Pobres, celebrada este domingo, 13 de novembro. A escultura convida o mundo a cuidar dos sem-teto e pretende promover a “Campanha 13 Casas” da Família Vicentina que oferece ajuda material e espiritual a pessoas que sofrem para não ter abrigo, no mundo inteiro.
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco em sua Carta Apostólica Misericordia et Misera, publicada em 20 de novembro de 2016 para celebrar o fim do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. A partir do ano de 2017, o Dia Mundial dos Pobres é celebrado no 33º Domingo do Tempo Comum. A iniciativa foi fortemente desejada por Sua Santidade Papa Francisco para exortar a Igreja a “sair” de seus muros e encontrar a pobreza nos múltiplos significados em que ela se manifesta no mundo de hoje”.
O tema escolhido pelo Santo Padre para a Jornada deste ano parte das palavras que o apóstolo Paulo dirige aos primeiros cristãos de Corinto na segunda Carta aos Coríntios: “Jesus Cristo se fez pobre por vós” (Cor 2, 8- 9).
“Encontrar com os pobres nos permite acabar com tantas ansiedades e medos inconsistentes, para chegar ao que realmente importa na vida e que ninguém pode roubar de nós: o amor verdadeiro e gratuito. Os pobres, na realidade, antes de serem objeto de nossas esmolas, são sujeitos que ajudam a nos libertar dos laços da inquietação e da superficialidade” diz o Papa Francisco em sua Mensagem. Este ano, 1.300 pessoas em situação de pobreza foram servidos com um almoço festivo durante o domingo, oferecido pela d’Amico Società di Navigazione S.p.A. As iniciativas, como sempre, foram muitas.
Tratamento médico gratuito e triagem para HIV, hepatite e tuberculose
Uma consequência da pobreza é a dificuldade, ou mesmo a impossibilidade, de acesso a cuidados médicos. Após a paragem de dois anos, devido às restrições pela pandemia de Covid-19, voltou a iniciativa do centro de saúde da Praça de São Pedro, para garantir a possibilidade de exames médicos e medicamentos mesmo para os bairros mais desfavorecidos da população. As estruturas, verdadeiras clínicas móveis, de segunda-feira, 7 de novembro a domingo 13, disponibilizam gratuitamente consultas de medicina geral, eletrocardiogramas, análises ao sangue, vacinas contra a gripe e cotonetes Covid. Há também possibilidade de realizar testes capazes de avaliar a presença de vírus como HCV (hepatite C), HIV e tuberculose. Os serviços do centro de saúde estão disponíveis todos os dias das 8 às 19, e todos os pobres que vão às unidades da Praça de São Pedro podem solicitar visitas. O projeto foi realizado graças à ajuda dos médicos do CUAMM e da Fundação PTV Policlinico Tor Vergata, do Corpo de Enfermeiros Voluntários da Cruz Vermelha, do Grupo BIOS, da Misericórdia, da SIMIT (Sociedade Italiana de Doenças Infecciosas e Tropicais) e a SIMG (Sociedade Italiana de Medicina Geral e Atenção Primária), com a equipe médica do prof. Loris Pagano e prof. Giulio Nati. Os testes clínicos, por outro lado, foram fornecidos pela empresa GILEAD.
Pacotes de alimentos para 5.000 famílias
Para o Dia Mundial dos Pobres 2022, o Santo Padre Papa Francisco quis expressar concretamente a proximidade às famílias em dificuldade, apoiando as paróquias em seu serviço de distribuição de cestas básicas oferecendo toneladas de alimentos. 5.000 caixas de alimentos para as famílias da região foram entregues em toda Roma aos párocos que os solicitaram. A iniciativa foi possível graças à generosidade da rede Elite Supermercados, que ofereceu os produtos. São 10 toneladas de macarrão, 5 toneladas de arroz, farinha, açúcar, sal e café e 5.000 litros de óleo e leite. Cada pacote fornece um rico suprimento de todos os alimentos básicos para as famílias.
Contas pagas para famílias em dificuldade
A crise energética e o consequente aumento dos preços das faturas estão a pesar sobre as condições econômicas das famílias, agravando as condições de pobreza já existentes. Além do apoio por meio da distribuição de alimentos, a proximidade com quem vive em dificuldades econômicas e, muitas vezes, recorre a centros de caridade, é concretizada pelo pagamento de serviços públicos de gás e eletricidade.
Mas, como reiterou o Papa Francisco, “não se trata de ter um comportamento assistencialista em relação aos pobres, como muitas vezes acontece; pelo contrário, é preciso comprometer-se para que ninguém falte o necessário. Não é o ativismo que salva, mas a atenção sincera e generosa que torna possível abordar um pobre como um irmão que estende a mão porque sou resgatado do torpor em que caí”. E ainda: “Pobreza que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da a distribuição injusta de recursos. É uma pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não dá perspectivas nem saídas”.
A escultura “Sheltering”, na praça São Pedro em Roma, está lá para nos sensibilizar e ajudar as pessoas pobres, que, infelizmente, fazem parte da cultura do descarte. Recordamos que a escultura é obra do artista canadense Timothy Schmalz, que já tem uma experiência consolidada na área das estátuas religiosas no mundo inteiro. Tim descreve seu trabalho como uma tradução visual da Bíblia. Sua obra “Angels Unawares”, dedicada aos migrantes e refugiados, foi instalada na Praça de São Pedro em 2019, também abençoada pelo Santo Padre.
“Se quisermos que a vida vença a morte, e que a dignidade seja resgatada da injustiça, o caminho a seguir é o d’Ele: é seguir a pobreza de Jesus Cristo, partilhando a vida por amor, repartindo o pão da própria existência com os irmãos e irmãs, a começar pelos últimos, por aqueles que carecem do necessário, para que se crie a igualdade, os pobres sejam libertos da miséria e os ricos da vaidade, ambos sem esperança” (Papa Francesco).