Celebração de São Francisco de Assis convida a amadurecer o dever de cuidar e preservar a terra, a casa comum.
Na memória de São Francisco de Assis, neste 4 de outubro, a Igreja no Brasil é motivada a amadurecer sua consciência missionária, seu dever de cuidar e de preservar a terra, a casa comum, e fazer crescer no amor aos pobres e pequeninos. A relação de São Francisco com a Criação é presente na sua história de vida, no testemunho que o levou aos altares. E, na atualidade, ganhou novo impulso com as reflexões do Papa Francisco contidas na encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum.
O arcebispo da Paraíba, dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, afirmou em artigo publicado no Portal da CNBB que “o grande Santo da Igreja, São Francisco, coloca-nos diante do testemunho irrefutável do cuidado com a casa comum que nos cerca, isto é, a mãe terra que nos acolhe”. E que o Papa Francisco escreveu a encíclica Laudato Si’, “que chama a nossa atenção para este cuidado”.
Dom Delson destaca o desejo do Papa e o valor inerente à consciência ecológica, os quais indicam “a necessidade de guardar os bens que Deus colocou em nossas mãos, e não agirmos como proprietários e dominadores dos mesmos”.
“O testemunho existencial de São Francisco diz-nos não somente de uma ecologia pontual, mas leva-nos à preocupação com uma consciência ecológica integral, pondo-nos para dentro da ética fraterna, colocando o homem no centro e diante do cuidado com o mundo”, ensina dom Manoel.
Também o bispo de Juazeiro (BA), dom Carlos Alberto Breis Pereira, de sua experiência franciscana, traz uma reflexão sobre essa relação de São Francisco de Assis com a ecologia integral.
“A ação ecológica que se inspira no Irmão de Assis precisa ir além de atividades pontuais como reciclar materiais, plantar árvores e flores, bem como lutar pela preservação de determinadas espécies ameaçadas. É preciso mudar o jeito de viver e con-viver, de olhar e de se relacionar. Urge denunciar um modelo econômico e social que privilegia poucos em detrimento de graves impactos sociais e ecológicos”, lembra.
Para dom Beto Breis, a Laudato Si’ é uma encíclica “revolucionária”. Nela estão acolhidas e recolhidas “as intuições do Pobrezinho e as grandes inquietações dos homens e mulheres do nosso tempo e desta Casa Comum, acenando que tudo está interligado e que as grandes questões sociais estão profundamente relacionadas às interpelações ecológicas. Uma ecologia integral, que exige um processo comum de conversão de mentalidade e de ações cotidianas”.
“Com o Francisco de Roma em sua inovadora Laudato Si’, é oportuno olhar para Francisco de Assis neste tempo de aquecimento global, exclusão social gritante e outros tantos efeitos do des-cuidado humano com a Mãe-Terra, Casa Comum. Deixemo-nos impactar pelo seu atualíssimo testemunho para sermos, também nós, profetas da vida e defensores da criação, num modo radicalmente novo de viver e con-viver com os irmãos e irmãs que partilham conosco esse habitat comum ainda tão belo e encantador”, motiva dom Carlos Alberto.