Pastoral Afro: O Povo negro está conquistando espaços, mas o caminho é longo

Encontro Continental dos Missionários da Consolata acontece no Centro de Pastoral e Espiritualidade Afro, em Cali, de 26 de setembro a 2 de outubro.

Por Pastoral Afro Cali

A cidade de Cali, a terceira mais populosa da Colômbia, acolhe o Encontro Continental da Pastoral Afro dos Missionários da Consolata no Continente América.

A programação começou nesta segunda-feira com a conferência do Dr. Sergio Mosquera, pesquisador, historiador e professor universitário de Chocó, que analisou a realidade afrodescendente no Continente e a transformação do seu pensamento.

Dez pessoas participaram pessoalmente no evento, incluindo padres e agentes leigos da Pastoral Afro. Outras 20 pessoas participam por meio do Google Meet desde o Brasil, Venezuela, Bolívia, Argentina e outras cidades da Colômbia.

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“Cientes da complexa realidade da população negra afrodescendente, vemos cada vez mais a necessidade de trabalhar em equipa para reforçar a nossa missão como Missionários da Consolata no Continente”, disse o Coordenador Continental da Pastoral Afro, Padre Venanzio Mwangi Munyiri, IMC, ao explicar os objetivos do evento: “Articular a nossa ação missionária da Pastoral Afro com uma projeção no sentido da criação de um Centro de Pensamento Afro IMC ao serviço da Igreja e da sociedade em geral”. Padre Venanzio é queniano e está na Colômbia há mais de 20 anos. Ele explica que “este passo significativo foi inspirado pelos encontros que estamos realizando há muito tempo, partilhando as experiências da Pastoral Afro na Colômbia, Venezuela e Brasil”.

Segundo o Padre Venanzio, tem sido de vital importância valorizar as contribuições provenientes da recentemente concluída “Assembleia Eclesial para a América Latina e o Caribe, o processo de preparação para o XV Encontro Continental de Pastoral Afro (EPA) a se realizar no México em outubro e o caminho de escuta que os Missionários da Consolata estão realizando rumo ao XIV Capítulo Geral a realizar-se em Roma em 2023. Estes são três marcos importantes que constituem o quadro de referência para este encontro”, conclui o coordenador.

Dr. Sergio Mosquera participou online

Dr. Sergio Mosquera participou online

Dr. Sergio Mosquera descreveu como a Igreja, ao longo dos séculos, mudou gradualmente a sua mentalidade. “A Espanha apresentou a América ao catolicismo, mas deixou muito a desejar, inclusive, muitos abusos foram cometidos. Importantes para as mudanças atuais foram o Concílio Vaticano II e a Conferência de Medellín (1968), que deram lugar ao que viria a ser a teologia da libertação. Hoje, a Pastoral Afro é uma possibilidade de diálogo com a população afrodescendente, após tantas transformações. “Este trabalho continua a ser uma promessa para aproximar o cristianismo do povo negro. Muitos sofreram discriminação, racismo e são vitimas de estruturas que os mantêm na opressão”.

Os participantes perguntaram sobre as atuais possibilidades de libertação para a população afro, mental e de identidade. Na discussão, foi reconhecido que outras formas de fé são necessárias, que a cura integral e a libertação precisam ser trabalhadas a vários níveis, e que a liderança social e espiritual deve ser acolhida e construída a partir de casa.

pastoral-afro4Na sua intervenção, o Conselheiro Geral para a América, Padre Jaime C. Patias, IMC, afirmou que “as nossas opções missionárias são as escolhas que fazemos face à realidade que nos rodeia. São o fruto da escuta e da resposta aos gritos dos nossos povos em harmonia com o carisma da congregação fundada pelo Bem-aventurado José Allamano”.

Recordou que, no Continente, após uma clara opção pelos povos indígenas, nos últimos anos, os missionários da Consolata também fizeram a opção pelos afrodescendentes, especialmente na Colômbia, Brasil e Venezuela, onde a Igreja fez um grande esforço para promover a Pastoral Afro. Contudo, salientou que, “apesar das dificuldades, o povo negro nos ensina a resistir, a não baixar a cabeça ou a resignarmo-nos diante de atitudes que nos pedem para desistir”.

Um momento importante e enriquecedor foi a partilha de experiências de Pastoral Afro na Venezuela, Brasil e Colômbia, apresentadas por missionários e leigos que trabalham nos seus respectivos países. A ideia geral é que é necessário ajustar os critérios e concentrar-se em um método de acordo com o carisma. Conscientes das mesmas exigências nos diferentes contextos em que os Missionários da Consolata estão presentes, devemos qualificar constantemente a missão e trabalhar em rede com as outras forças que atuam na Pastoral Afro.

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O encontro intercala momentos de reflexão, partilha, oração e celebração. O dia de trabalho termina com a Eucaristia na paroquia de Cristo Mestre.

O programa continua durante toda a semana, com a memória do XIV Encontro Continental de Pastoral Afro, a perspectiva para o XV APE no México em outubro, e a memória desde o último Capítulo Geral IMC em 2017 e a projeção para o XIV Capítulo em 2023 na ótica da Pastoral Afro.

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