Depois do Angelus, novo apelo do Papa pela Ucrânia: as pessoas simples desejam a paz mas pagam na própria pele pelas loucuras da guerra, corredores humanitários são necessários para aqueles que buscam refúgio. Recordando os conflitos na Síria, Etiópia e Iêmen: "Deus está com os construtores de paz, não com aqueles que usam a violência".
Por Alessandro De Carolis
Foto: Shutterstock.com/Presidência da República Mexicana/Arte: Cleber Pires
Uma voz contra o barulho dos mísseis, que o crepitar das armas não enfraquece. É uma voz sobre uma grande praça, mas acima de tudo sobre as consciências, a de Francisco. Não ouvida por aqueles que estão derramando sangue e transformando um pedaço da Europa em um campo de batalha, mas que não recua:
Nestes dias, ficamos abalados por algo trágico: a guerra. Muitas vezes rezamos para que este caminho não fosse percorrido. E não paramos de falar; pelo contrário, suplicamos a Deus com mais intensidade.
A verdadeira vítima, o povo
A mensagem do Papa no pós-Angelus é um refrão que liga todos os últimos apelos. A guerra desencadeada pela Rússia na Ucrânia torna ainda mais urgente a convocação, na Quarta-feira de Cinzas, de um Dia de oração e jejum para que a paz possa retornar onde pessoas indefesas buscam refúgio ou morrem, onde "as mães estão em fuga com seus filhos...". Rezaremos, é o convite de Francisco, "para sentir que somos todos irmãos e irmãs e para implorar a Deus o fim da guerra".
Quem faz a guerra esquece a humanidade. Não parte do povo, não olha para a vida concreta das pessoas, mas coloca diante de tudo interesses de parte e de poder. Baseia-se na lógica diabólica e perversa das armas, que é a mais distante da vontade de Deus. E se distancia das pessoas comuns, que desejam a paz; e que em cada conflito - pessoas comuns - são as verdadeiras vítimas, que pagam as loucuras da guerra com a própria pele.
Pedaços de guerras que não devem ser esquecidos
Para os idosos, as crianças, as pessoas que procuram refúgio, "é urgente - insistiu Francisco - abrir corredores humanitários", eles são irmãos e irmãs "que devem ser acolhidos". E mais uma vez a voz se move sobre o mundo das guerras "em pedaços".
Com o coração dilacerado pelo que está acorrendo na Ucrânia - e não esqueçamos as guerras em outras partes do mundo, como no Iêmen, na Síria, na Etiópia... -, repito: calem-se as armas! Deus está com os construtores de paz, não com aqueles que usam a violência.
"Porque aqueles que amam a paz", concluiu o Papa, citando a Constituição italiana, "repudiam a guerra como instrumento de ofensa à liberdade de outros povos e como meio de resolver disputas". As bandeiras de muitos ucranianos na Praça São Pedro balançaram em sinal de agradecimento ao Papa. E Francisco saudou-os em seu idioma: Хвала Ісусу Христу, "Louvado seja Jesus Cristo".