Dia 1 de setembro de 2021, tem início O Tempo da Criação, que é o Dia Mundial de Oração pela Criação e que vai até dia 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis.
Por Juacy da Silva
Para os cristãos que não se preocupam com os problemas ecológicos, que se omitem diante da destruição da biodiversidade, com as mudanças climática, com o aquecimento global, com as agressões à natureza e suas vítimas, principalmente as camadas pobres, principais vítimas deste processo de degradação ambiental, em todos os países e que não são conscientes de suas responsabilidades para com a Criação e com a Casa Comum, a exortação do Papa Francisco na Laudato Si (217) é fundamental e imperiosa, neste momento crucial em que estamos vivendo, quando ele diz textualmente que é preciso “uma conversão ecológica que comporta em deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo opcional, nem um aspecto secundário da experiência crista, mas parte essencial de uma existência virtuosa”.
Nesta quarta feira, 1 de setembro de 2021, tem inicio O TEMPO DA CRIAÇÃO, que é o DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO pela criação e que vai até dia 4 de outubro, o dia de São Francisco de Assis, o santo padroeiro da ecologia integral.
Por decisão do Patriarca Dimitrios I, da Igreja Ortodoxa Oriental, que proclamou o dia 1 de setembro, que representa o início do ano litúrgico para os ortodoxos, como o DIA DE ORAÇÃO pelo Meio Ambiente.
Mas esta celebração ganhou corpo e tornou-se um evento ecumênico com a adesão de diversas outras igrejas de confissão cristã e, assim, para o Comitê Ecumênico “O Tempo da Criação é um período para renovar a nossa relação com o nosso Criador e com toda a criação por meio da celebração, da conversão e do compromisso juntos. Durante o Tempo da Criação, nos unimos às nossas irmãs e irmãos da família ecumênica em oração e ação pela nossa casa comum.”
Os cristãos representavam mais de 2,3 bilhões de pessoas ao redor do mundo, ou seja, 32,3% da população mundial em 2020 e é a maior religião professada por fiéis, razão pela qual além de nossas orações, nossas atitudes, comportamentos e ações em relação à ecologia integral, conforme tanto tem enfatizado o Papa Francisco, isto significa que boa parte da degradação ambiental e da falta de cuidados com o Planeta que tem provocado as temidas mudanças climáticas são provocadas pelos cristãos que ignoram suas responsabilidades ecológicas.
Por isso, devemos reconhecer nossos pecados ecológicos e buscarmos uma verdadeira “conversão ecológica”, como mecanismo de mudarmos, radicalmente, as nossas relações não apenas em sociedade, entre irmãos e irmãs, mas fundamentalmente nossas relações com a natureza e as demais obras da criação.
À medida que o DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO foi se expandindo como uma data no calendário de outras igrejas cristãs, em 2015, logo após de dar a público a Encíclica LAUDATO SI, o Papa Francisco também “acrescentou formalmente o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação” no calendário da Igreja Católica, e, em 2019, ele convidou oficialmente os católicos a celebrarem o período completo, ou seja, durante 34 dias como o TEMPO DA CRIAÇÃO.
O tema que servirá de bússola a guiar-nos neste Tempo da Criação em 2021 é o seguinte: “UMA CASA PARA TODOS? RENOVANDO A OIKOS DE DEUS”. Por isso, permanece totalmente válida a exortação feita pelo Papa Francisco em relação ao Tempo da criação de 2020 e, reforçada em maio último pelo Dicastério para a Promoção Humana Integral, do Vaticano, quando disse “É motivo de particular alegria que o Tempo da Criação, esteja se tornando um motivo verdadeiramente ecumênico; continuemos a crescer na consciência de que todos moramos em uma casa comum enquanto membros de uma mesma família”.
No documento que orienta as celebrações do TEMPO DA CRIAÇÃO de 2021, que a pedido do Papa Francisco, devem ser realizadas em todas as Arquidioceses, Dioceses, Paróquias e comunidades católicas, da mesma forma que em outros templos cristãos/evangélicos pelo mundo afora, o referido Dicastério enfatiza que “a família cristã global participará de iniciativas de oração, de sustentabilidade e de mobilização para cuidar de nossa casa comum”, por isso, continua o documento do Dicastério “o símbolo deste ano é a Tenda de Abraão, que expressa o chamado ecumênico de hospitalidade radical, salvaguardando um lugar para todas as criaturas, humanas e não humanas, na “oikos”, casa de Deus”.
Como vemos, o TEMPO DA CRIAÇÃO, representa tanto nossas orações e reflexões pela saúde e preservação do planeta terra quanto, também, e, principalmente, nossas ações na defesa da biodiversidade e na luta contra todas as formas de degradação, de poluição que estão colocando em risco todas as formas de vida no planeta, inclusive a vida humana.
Vamos rezar, orar por todas as obras da criação e também refletirmos e agirmos na defesa da ECOLOGIA INTEGRAL, como nos exorta o Papa Francisco, lembremos de que só existe um planeta, uma casa comum, se a mesma for impiedosamente destruída como está acontecendo atualmente no mundo todo, isto coloca em sério risco a sobrevivência da humanidade!
Que nossas orações, nossas atitudes e nossas ações como cristãos, individualmente e as Igrejas cristãs, inclusive católica, institucionalmente possam contribuir para transformações radicais nas formas como nos relacionamos como sociedade e também em nossas posturas e compromissos com uma economia verde, sem consumismo, desperdício, sem descarte.
Só assim, vamos acabar com a fome, com a miséria, com todas as formas de violência, com o sofrimento e mortes, com tantos crimes ambientais sempre impunes e contribuirmos para que nossa Casa Comum, possa atender aos parâmetros do bem comum, do bem viver e deixarmos um mundo sustentável, plenamente habitável para as futuras gerações.
Esses são aspectos fundamentais para termos presentes neste TEMPO DA CRIAÇÃO no Brasil e em tantos outros países.
