Como voltaremos às nossas escolas físicas?
Por Nei Alberto Pies *
Qual vem sendo a relação de afetividade e aprendizagem na pandemia? Percebe-se pouca preocupação com esta questão, embora sempre tenha sido relevante, para muitos estudiosos da educação. “Abordar a inteligência emocional como a principal estratégia, associada a um bom conteúdo, pode evitar o abandono das crianças, adolescentes e jovens da escola. Precisamos de um olhar mais atento às necessidades afetivas do ser humano, que em muito se perdeu sem o contato presencial. Como trabalhar de forma mais ampla e eficaz esses aspectos num convívio semipresencial? Mais do que nunca, escola e família devem estar juntas para minimizar as perdas e prejuízos das crianças e adolescentes, que são os mais frágeis deste processo.
Como será a escola do futuro?
Deveríamos aproveitar o advento da pandemia e os questionamentos sobre a escola neste momento histórico para ressignificar o sentido e o papel da escola na perspectiva humanizante, onde a centralidade da mesma seja a construção permanente de conhecimentos, envolvendo os sujeitos aprendentes: professores e estudantes. Uma escola onde a socialização seja uma dimensão que se incorpora às práticas educativas, de forma permanente, de maneira intencionada e valorizada pedagogicamente.
O que podemos conjugar nas mudanças que operam na escola?
Como já escrevemos em outra publicação: “O fato de vivermos na era da tecnologia e da informação não quer dizer que podemos suprimir a importância da oralidade, da escrita e outras formas de comunicação como a arte, a linguagem corporal, a linguagem simbólica e religiosa, o audiovisual, dentre tantas outras. Afinal, o ser humano é um ser integral e as suas diferentes dimensões (características) devem ser desenvolvidas e articuladas no seu processo de ensino-aprendizagem”.
A construção do conhecimento e a convivência social são os dois maiores pilares a partir dos quais se assenta a educação contemporânea. Fazer educação, nos dias atuais, significa compreender o sentido da escola, do mundo e do ser humano, contemplando a diversidade e a complexidade social que construímos até aqui como humanidade.
A sociedade, sobretudo os pais e as mães, está descobrindo o potencial e a riqueza que é a convivência e a integração social a partir do distanciamento físico e social dos estudantes. A cobrança pela volta das aulas presenciais revela justamente esta necessidade das crianças, adolescentes e jovens conviverem coletivamente no ambiente escolar, tutelados pela presença e pelo olhar dos adultos.
Mas a volta às escolas, na forma presencial, precisa ser feita com a maior segurança sanitária e em períodos em que a disseminação do vírus estiver bem controlada. Fora deste contexto, pode significar um grande risco às vidas de estudantes e professores e professoras, bem como de membros das famílias.