Creio no sol, também quando não brilha; creio no amor, também quando não o sinto; creio em Deus, também quando não o vejo.
Por Geovane Saraiva*
A acolhida, vinculada à disposição em se viver uma fé sólida, a partir de Jesus de Nazaré, mas num fascínio comovedor, está, sim, dentro da busca da descoberta de algo, ou daquele tesouro precioso, muito além de sua própria feição, meramente humana, convencido de que em tudo isso se poderá reconhecer um sinal, o sinal de Deus, mas num convite para abraçar a fé, com um sim todo livre e integralmente convicto, numa confiança incondicional e absoluta. Essa fé deve ser destemida e resoluta no Homem de Nazaré, revelador da face afável do Pai, mas por pessoas livres, alegres e ardorosas. Que ela cresça por sua importância, de tal modo persistente, autêntica e verdadeira, como a de um jovem judeu, ao escrever no muro do seu pequeno bairro, ou gueto, da cidade de Varsóvia, esta afirmação: “Creio no sol, também quando não brilha; creio no amor, também quando não o sinto; creio em Deus, também quando não o vejo”.
A vida humana é capaz de abraçar quatro dimensões, que, segundo Santo Agostinho, devem ser representadas na cruz transformando-se em esteio ou égide de toda a espiritualidade cristã, a saber: “Compreender com todos os santos qual a altura e a largura, o cumprimento e a profundidade de Cristo, e conhecer o amor de Cristo que excedo todo conhecimento” (Ef 3, 18-19). O apóstolo Paulo deixa claro quando afirma: “A largura significa as boas obras do amor para com o próximo; a altura é a esperança pelo prêmio celeste; o cumprimento é a perseverança até o fim; a profundidade encantadora, inefável e imperscrutável de Deus – do bom Deus – é a que concede graças à criatura humana”.
Ouvir, acolher e viver uma fé sólida, a partir de Jesus de Nazaré, está em consonância com a metáfora do doutor da graça, Agostinho, quando nos ensina: “Do navio que parte e chega à pátria, mas a pátria só pode ser vista após a viagem do navio”. A verdade é que nos encontramos no contexto real do mar. Basta olhar as ondas e as tempestades que se levantam neste mundo em que estamos inseridos. Ele assegura na mais elevada confiança que não havemos de naufragar, pois temos um leme, ou comando, definido e seguro: o remo da cruz.
O sentido de ouvir e acolher nos faz pensar na passagem do Evangelho, que fala sobre Marta e Maria (Lc 10, 38-42): a imagem de Marta, nas atividades de sua própria casa, enraivecida até pela insensibilidade e pela não colaboração de Maria, representa a humanidade, nas suas ações e ativismos; já Maria representa como sendo uma pessoa exemplar, em sua didática de saber ouvir com atenção os ensinamentos do mestre Jesus de Nazaré, externando, evidentemente, sua opção pela melhor parte, mas no sentido daquilo que é permanente. Ela, ao realizar essa escolha no tempo presente, nos enche de esperança, porque haveremos de experimentá-la no futuro. Assim seja!