O povo coreano ama as flo0res e para eles, a decoração dos espaços litúrgicos também é uma forma de evangelizar.
Por Giovanni Paolo Lamberto *
Um dos aspectos fascinantes do povo coreano é o amor pelas flores. Nas diversas cerimônias comemorativas coreanas sejam casamentos, ordenações, ou formaturas de qualquer nível acadêmico, (especialmente no mês de fevereiro), todas as pessoas que estão sendo homenageadas devem ao menos receber um buquê.
A programação de televisão coreana anuncia em que dias da primavera florescerão as azaleias, cerejeiras japonesas, ameixas, pêssegos, e esse fenômeno natural é atualizado a partir do sul em direção ao norte do país. Já no outono anuncia-se quando os bordos começaram a mudar a cor de suas folhagens, porém, diferentemente da primavera, isso ocorre do norte em direção ao sul. Durante todo o ano há festivais de flores: lótus, orquídeas, crisântemos.
Muitas avenidas arborizadas são feitas de tal forma que na primavera, por cerca de 20 dias, a glória branca das cerejeiras japonesas floresce de um lado, e no outono, do outro lado da avenida, você se aquece naquela sensação de calor dada pelo amarelecimento das folhas de ginko. Multidões de turistas se aglomeram para ver esses espectáculos naturais. Uma das pequenas alegrias da população coreana presencial é o Naghyop, momento em que se testemunha a queda das folhas. Em uma grande brincadeira são pisoteadas, e jogadas para o alto, para que as crianças passem entre elas. Deve-se lembrar também que grande parte dos coreanos mora na cidade e longe da natureza e que, portanto, essas experiências são saudáveis e vitais.
Nas igrejas
Nas igrejas ou capelas, na casa de irmãos ou irmãs religiosas não passa despercebido os lindos arranjos florais em frente do altar. Eles nunca falham: eles são os chamados Kkotkoji!
Cada igreja tem um pequeno grupo dedicado especificamente à atividade do Kkotkoji. Em cada convento há uma freira encarregada das "flores". Gabriella, nossa vizinha, prepara as flores para a paróquia e uma vez por semana recebe outras senhoras que querem aprender a arte do Kkotkoji. Ela me explicou que o Kkotkoji é diferente do Ikebana japonês, muito mais famoso no Ocidente. Não tem regras rígidas, mas especialmente no mundo católico teve um desenvolvimento muito original. Todos os domingos, os artistas das flores procuram interpretar o significado das festas, do tempo litúrgico. Existem até competições diocesanas e nacional.
Este povo que ama a beleza e as flores expressa assim sua devoção, amor e respeito pelo Redentor. E toda semana é uma festa para os olhos, uma meditação de beleza. É uma forma original de evangelização. Parafraseando o famoso anúncio, aqui se trata precisamente não tanto de "diga", mas de "anunciai-O (Cristo) com flores!"