Ser jovem nos tempos atuais

ser_jovem

Evelyn, Jovem Missionária da Consolata. Foto: Camila Rodrigues / Paróquia São João Batista.

PODCAST:

Uma reflexão sobre a juventude na sociedade contemporânea.

Por Josky Menga *

O jovem é um sujeito com valores, comportamentos, visões de mundo, interesses e necessidades singulares. Ser jovem é estar imerso em uma sociedade com processos transitórios, a partir de uma nova conjuntura familiar, política e social estabelecida. É, portanto, estar em meio a conceitos e formas amplas e diversas de leitura de mundo. Com o passar do tempo, novas descobertas, novas pesquisas, novos olhares e visões das coisas foram tomando conta dos grupos e das comunidades onde nos inserimos. O mundo mudou, o tempo mudou, a vida mudou e as coisas mudaram, todo se transformou. Tudo era diferente, vivemos um tempo de mudança que influencia e impacta em todas as categorias e setores da vida. Mas, o que mudou realmente?

A sociedade aceitou o que antes não aceitava, abriu o que antes estava fechado, apagou o que antes escrevera e, hoje, tenta redefinir o seu perfil. Em função de tais mudanças diante do que antes era dado como REFERÊNCIA, atualmente a maioria dos jovens acredita que a escola não atende às suas reais necessidades e expectativas. As vontades e interesses não se encontram no plano curricular vigente, e a juventude anseia por identidades. E essa identidade pode-se buscar na vida e no dia a dia. Isto nos leva hoje a nos questionarmos o que é ser e o que é ter jovem em nosso meio.

Ser ou ter jovem no mundo atual

Ser jovem é ser presente e futuro ao mesmo tempo. Presente na Igreja, na Família e na Sociedade. Jovem é aquele que sonha, tem planos e projetos. Que tem uma idade cronológica que permite tentar sem ter medo de errar, pois mesmo que errar, tem tempo para acertar o “caminho”, apesar da dor da inversão de rota. Converter-se é inverter o caminho. A época atual é momento das informações, que às vezes se confunde com a comunicação. Não se comunica, apenas informa-se. A juventude atual sofre por isso, é muita coisa para digerir em tão pouco tempo. Estamos num tempo difícil para todas as faixas etárias, mas quem mais sofre é a juventude. A juventude perdeu o referencial, não existe mais um mestre a ser seguido, e sim, ídolos a serem admirados por um tempo e depois substituídos.

No passado o importante era o SER, depois veio o tempo do TER, agora já nem um nem outro importa tanto, mas o que importa é o APARECER. Então, os seres humanos aparecem SER e depois aparecem TER. Se É ou TEM não é o mais importante, o importante é o APARECER. Este é o grande desafio da juventude atual. Encontrar o seu lugar no meio desta sociedade que inclui e exclui ao mesmo tempo, duas realidades distintas dentro do mesmo contexto.

É triste reconhecer, mas chegamos ao tempo em que a juventude está sendo corrompida (ela não é simples vítima), no qual a felicidade consiste em “consumir” coisas que produzem prazeres aligeirados; o essencial, que muitas vezes é exigente e desafiador, causa aversão em muitos. Na verdade, tudo que é ligeiro e superficial é fácil, mas tudo que exige empenho, exercício do pensamento e da liberdade é mais profundo e complexo; porém, “sacia e satisfaz a alma”. Há de se considerar que ser “jovem” na atualidade é deveras penoso; poderíamos citar candentes questões: uma delas é a própria condição social, cultural e econômica nas quais nossos jovens estão inseridos

Certa vez, alguém escreveu: "A juventude de todo o mundo está perdendo a capacidade de sonhar. Os jovens têm muitos desejos, mas poucos sonhos. Os desejos não resistem às dificuldades da vida, já os sonhos são projetos de vida, sobrevivem ao caos". Quem tem ouvidos, ouça!

O amor de Deus e nossa relação com Cristo vivo não nos privam de sonhar, não exigem que reduzamos nossos horizontes. Ao contrário, esse amor nos promove, nos estimula, nos lança a uma vida melhor e bonita. A palavra "inquietação” resume muitas das buscas dos corações dos jovens. Como dizia São Paulo VI, precisamente nas insatisfações que atormentam há um elemento de luz. A inquietação insatisfeita, juntamente ao espanto pelo Novo que aparece no horizonte, abre caminho para a ousadia que nos movem a assumirmos a nós mesmos, a tornarmo-nos responsáveis de uma missão. Essa inquietude saudável que é despertada especialmente na juventude, segue sendo a característica de qualquer coração que se mantém jovem, disponível, aberto.

A verdadeira paz interior convive com essa profunda insatisfação. Agostinho dizia “Senhor, criaste-nos para ti e inquieto está o nosso coração até que descanse em ti”. Ser jovem é saber viver os tempos atuais e viver intensamente, mas com a graça de Deus e deixar que Sua vontade seja feita na sua vida sem inquietações de como vai ser amanhã ou depois de amanhã, lembrando que o passado já passou, o presente é nosso e o futuro pertence a Deus. Vivamos o hoje com muita alegria como jovem do corpo e do espírito sem ter medo de errar e sonhar na vida.

* Josky Menga, imc, é animador missionário e vocacional na Bahia.

Deixe uma resposta

um × 3 =