Povos Indígenas realizam 40ª Assembleia Regional das Serras em Roraima

Mais de 300 pessoas participam de Assembleia, entre elas catequistas e lideranças indígenas e de comunidades.

Por Stephen Ngari

No malocão da homologação, comunidade Maturuca, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Roraima, teve início no dia 25 de janeiro, a 40ª Assembleia Regional das Serras, com a presença de mais de 300 participantes, entre eles coordenadores dos Centros e grupos, tuxauas, catequistas e várias lideranças de comunidades.

Nesta Assembleia, a Região das Serras celebra os 50 anos do Conselho Indígena de Roraima (CIR). A grande festa em todo o estado será em setembro de 2021.

20210125_142334A Assembleia, que vai até amanhã, 30 de janeiro, começou com a celebração da santa Missa presidida por padre Lúcio Nicoletto, o vigário geral da diocese de Roraima e foi concelebrada pelos missionários da Consolata, o padre James Murimi, responsável da missão Maturuca, padre Giorgio Dal Bem, fundador da missão e incentivador da organização indígena em Roraima e padre Stephen. Estavam presentes todos os participantes da Assembleia que já tinham começado a chegar no dia anterior.

Não ignorar a história

Na sua homilia, o padre Lúcio, aproveitando a primeira leitura daquele dia que celebrou a festa da conversão de São Paulo, louvou e agradeceu pelo evento que tem como objetivo refletir sobre a caminhada da Região das Serras e do CIR. Segundo o padre, resgatar a memória garante a continuidade da luta e da resistência da defesa dos direitos e dos Povos Indígenas. Agora como no início da luta, a vida destes povos continua ameaçada. Ele advertiu que o pior de um povo é esquecer-se da sua história. O vigário geral implorou os jovens para que escutem a liderança e os anciãos para garantir continuidade da memória e do valor da sua terra e identidade.

Refletindo sobre os 40 anos da organização da liderança da Região das Serras, padre Lúcio referiu-se ao simbolismo do número 40 na Bíblia. É o tempo suficiente da organização do povo como os 40 anos do povo de Israel na caminhada no deserto. É o tempo de renovação como no tempo de Noé, é o tempo que Deus se revela como na história de Elias e como o Ressuscitado que permaneceu na terra por 40 dias depois da ressurreição. Pediu que o povo continue acreditando na presença de Deus que sempre caminha com seu povo.

A Assembleia se reuniu ao redor do monumento da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (TIRSS). O tuxaua Jacir José de Sousa, grande liderança e o primeiro coordenador do CIR, hasteou a bandeira da TIRSS ao lado do monumento. Na sua fala, se emocionou ao lembrar-se dos companheiros da luta que já partiram. Agradeceu a todos e homenageou-os pelo sacrifício que fizeram para garantir a terra aos Povos Indígenas. O Tuxaua também não escondeu a sua tristeza diante de pouca participação dos tuxauas na Assembleia. Entretanto, ele observou a firmeza da maioria em cuidar e zelar pela terra demarcada e homologada.

Stephen Ngari, imc, é missionário da Consolata na Amazônia.

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