José: Operário e Migrante

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Com a Carta Apostólica Com o Coração de Pai (Patris Corde em latim), o papa Francisco convocou o Ano de São José, que vai de 8 de dezembro de 2020 a 8 de dezembro deste ano. A celebração dos 150 anos da declaração de São José como Esposo de Maria e como Padroeiro da Igreja Católica, motivaram o convite do papa para a celebração da efeméride.

Padre Alfredo Gonçalves, missionário scalabriniano e vice-presidente do Serviço de Proteção ao Migrante fez uma reflexão sobre a figura de José, operário e migrante.

Missões inicia a publicação dessa reflexão em forma de série, dividida em quatro partes: quem foi São José na Bíblia; São José na devoção popular; São José migrante e propostas para o ano de São José.

Acompanhe os episódios, disponibilizados também em podcast. Vivamos o Ano de São José, seguindo seu exemplo, ou seja, fazendo o bem!

Por Padre Alfredo J. Gonçalves, CS

Quem foi São José

José é uma figura silenciosa nas narrativas evangélicas. Ao mesmo tempo, porém, aparece sempre como o homem certo, na hora certa para fazer o que é certo. Quando se trata de proteger a família – mãe e filho – lá está ele. Conta com os mensageiros de Deus, anjos que o alertam sobre as maquinações dos “filhos das trevas”. Alertado dos riscos que correm Jesus e Maria, põe-se logo em marcha, fugindo para o Egito ou de lá voltando. Protagonismo no cenário da infância, não há registro de sua presença na vida adulta de Jesus. Pouco se sabe de seu destino. É lícito supor que também ele estaria ao pé da cruz, na hora trágica da morte de Jesus?!...

Tudo indica que o caráter de José seja discreto, até mesmo tímido, homem de poucas palavras e muitos segredos. Vemos nele, ainda, um trabalhador experiente, profissional sério e respeitado. Mais do que carpinteiro, trata-se de uma espécie de saber múltiplo em termos de obras e reparos. Carrega uma sabedoria inata, a qual, em lugar de ações intempestivas frente aos imprevistos da vida (como a gravidez de Maria), prefere o silêncio, a escuta e a espera. Intervêm novamente os mensageiros de Deus, como atores principais, mas é José que toma as providências práticas e necessárias. Os seres alados necessitam dos pés e das mãos habilidosas de José.

José, o humilde carpinteiro permanece como uma espécie de ator de bastidores. Raras vezes aparece em cena. Hoje diríamos que não parece gostar de holofotes, câmeras e microfones. Como se não se sentisse à vontade no palco, em evidência diante dos espectadores. Menos à vontade ainda no cenário dos acontecimentos que, mais tarde, irão se desenrolar com seu filho adotivo. Se de Jesus se diz que “passou pela vida fazendo o bem”, de José teremos poucas notícias. Não faz barulho, como quem caminha de pés descalços, discreta e ocultamente. Silêncio que é sabedoria, e esta, por sua vez, o leva a ouvir os anjos e interpretar os sonhos. Só os profetas, com os olhos da fé, são capazes dessa façanha simultaneamente secreta, misteriosa e histórica!

No próximo artigo, padre Alfredo refletirá sobre São José na devoção popular.

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