Burkina Faso, nordeste da Nigéria, Sudão do Sul e Iêmen são as regiões com a bandeira vermelha em relação à fome e carestias. As causas são a guerra, recessão econômica, fenômenos meteorológicos extremos e invasão de gafanhotos, com a pandemia da Covid-19. São informações dos relatórios da FAO e do Programa alimentar Mundial PAM
Por Alessandro Di Bussolo
No mundo há quatro regiões consideradas na “fase vermelha” segundo o relatório da FAO e do Programa Alimentar Mundial e estas regiões correm o risco de carestia e fome aguda se não houver uma urgente intervenção. São o Burkina Faso, o nordeste da Nigéria, o Sudão do Sul e o Iêmen.
É necessária uma ação urgente para evitar o drama
O objetivo do documento é a aplicação de ações urgentes para evitar uma emergência de proporções dramáticas durante os próximos três a seis meses. A evolução da situação nos países de maior risco dependerá da dinâmica dos conflitos, da evolução dos preços dos alimentos, de todas as consequências possíveis da pandemia em seus sistemas alimentares, das chuvas e do rendimento das colheitas, do acesso à ajuda humanitária e da vontade dos doadores de continuar financiando operações humanitárias.
O risco de uma repetição do drama de 2011 na Somália
"Quando uma fome é declarada, significa que muitas vidas já foram perdidas", diz Margot van der Velden, diretora da Divisão de Emergências do PAM. "Se esperarmos para ter certeza desta situação, muitas pessoas já estarão mortas", aponta, e lembra que "em 2011 a Somália foi atingida por uma fome que matou 260.000 pessoas". O estado de emergência foi declarado em julho, mas a maioria das pessoas já tinha perdido suas vidas antes de maio. Não podemos deixar que esta tragédia aconteça uma segunda vez".
A carestia no Sul do Sudão em 2017
Na verdade, o relatório adverte que, na ausência de ações urgentes a partir de hoje, o mundo poderia ver uma nova carestia, a mais grave dos cinco níveis insegurança alimentar. A última foi declarada, em 2017, em algumas áreas do Sudão do Sul.
A emergência na República Democrática do Congo e em Burkina Faso
Especificamente, o relatório observa que cerca de 22 milhões de pessoas na República Democrática do Congo estão atualmente passando por grave insegurança alimentar, o número mais alto já registrado em um único país. Em Burkina Faso houve uma verdadeira explosão de casos, com o número de pessoas famintas quase triplicado em relação a 2019, como resultado do aumento do conflito, do deslocamento forçado e do impacto da emergência da Covid-19 no trabalho e no acesso aos alimentos.
Iêmen entre a guerra, a crise econômica e a invasão de gafanhotos
Igualmente desesperada é a situação no Iêmen, onde o atual quadro de insegurança alimentar é causado pelo conflito interno em curso e pelo agravamento da crise econômica. Os agricultores e pastores locais estão em graves condições, já exauridos por anos de guerra civil, e agora os meios de subsistência foram fortemente afetados pela infestação de gafanhotos do deserto.