Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão

A genealogia de Jesus em Mateus garante sua identidade e propõe aos leitores do Novo Testamento o Messias, herdeiro das Promessas.

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de Mauro Negro

No início do Evangelho segundo Mateus encontramos a famosa genealogia de Jesus. Está no capítulo 1, entre os versículos 2 e 17. Apresenta quatro partes relativamente bem distintas e é como uma introdução à anunciação de Jesus a José, o que inicia a missão de Jesus.

Mas é bem desconhecida pelos leitores da Bíblia! Muitos não entendem qual é a sua função no relato de Mateus. Até a ignoram, pois parece ser uma sucessão de nomes estranhos que nada ensinam e para nenhum lugar apontam. Contudo, não é esta a realidade da genealogia. Na realidade, ela é uma afirmação do primeiro versículo de Mateus, que diz: Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1, 1).

A função ou o motivo da genealogia de Jesus em Mateus é a identidade de Jesus. Ele deve ser da família e herdeiro de Davi, o rei que marcou a história do Povo da Aliança e, de modo especial, do Reino de Judá. Sua figura foi além dos fatos históricos e se tornou um símbolo. Ele é a origem do que se chama de “messianismo”, isto é, a expectativa de um personagem especial, único, que decide a história e deve se estabelecer como o líder de Israel. Ora, Jesus é o Messias esperado, como creem os cristãos. Esta percepção dos cristãos a respeito de Jesus vem, da parte do Evangelho segundo Mateus, da genealogia.

Certidão de nascimento

Esta genealogia é como a “certidão de nascimento” de Jesus, exposta em público, para que todos possam entender. O Evangelho segundo Mateus foi escrito para os cristãos de origem judaica. Para eles o argumento da genealogia tem sentido. Segundo a tradição judaica, uma genealogia é importante, pois legitima a pessoa, ligando-a a um grupo familiar que dá à pessoa o seu lugar na sociedade.

Jesus era o Messias, e devia estar ligado ao antigo rei Davi. A genealogia faz isto e vai além: relaciona Jesus a Abraão, o Pai do Povo Eleito. É deste modo que Ele é o herdeiro das promessas feitas ao Patriarca Abraão e ao rei Davi. Ele é o Messias, o homem marcado por Deus para fazer acontecer a história.

O conhecimento do pensamento dos escritores da Bíblia e a teologia que está presente nos textos, levam os leitores à compreensão do que se espera e se crê.

Mauro Negro, OSJ. Biblista PUC São Paulo SP mauronegro@uol.com.br

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