Evangelizar é anunciar Jesus Cristo e seu Reino e consequentemente cuidar da “casa comum”

Texto e Fotos por Jaime C. Patias

A Sala de Imprensa da Santa Sé ficou lotada na manhã desta quinta-feira (03/10) para a coletiva de apresentação do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia. Participaram o secretário-geral, Cardeal Lorenzo Baldisseri, o relator geral, Cardeal Cláudio Hummes, e o subsecretário do Sínodo dos Bispos, Dom Fabio Fabene.

Confira a intervenção do Cardeal Hummes:
O Sínodo Especial dos Bispos para a Amazônia, que deverá começar no próximo dia 6 de outubro, aqui no Vaticano, convocado pelo Papa Francisco, tem como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. O contexto amplo do sínodo é a grave e urgente crise socioambiental de que fala a Laudato si’: a) A crise climática, ou seja, o aquecimento global pelo efeito estufa; b) a crise ecológica em consequência da degradação, contaminação, depredação e devastação do planeta, em especial na Amazônia; c) e a crescente crise social de uma pobreza e miséria gritante que atinge grande parte dos seres humanos e, na Amazônia, especialmente os indígenas, os ribeirinhos, os pequenos agricultores e os que vivem nas periferias das cidades amazônicas e outros. Mas, a Laudato si’ alerta: “Hoje, não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”(n.49). “Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise socioambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza” (n. 139). Tudo está interligado.

Já no anúncio do sínodo, em outubro de 2017, o Papa Francisco indicava pontos fundamentais deste sínodo, ou seja, na Amazônia “encontrar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, sobretudo dos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise da floresta amazônica, pulmão de importância fundamental para o nosso planeta”. Portanto, grandes temas: novos caminhos, evangelização, indígenas e floresta. Tudo isto foi sintetizado no atual tema do sínodo: “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

Trata-se da missão da Igreja na Amazônia: evangelizar, isto é, anunciar Jesus Cristo e seu Reino e consequentemente cuidar da “casa comum”. No fundo, trata-se de cuidar e defender a vida, tanto de todos os seres humanos, especialmente os indígenas, que ali vivem, quanto da biodiversidade. Jesus disse: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo, 10,10).

Neste contexto, é importante o que o Papa Francisco chama de “ecologia integral”, para dizer que tudo está interligado, os seres humanos, a vida comunitária e social, e a natureza. O que se faz de mal à terra, acaba fazendo mal aos seres humanos e vice-versa. Há necessidade de uma conversão ecológica, inspirada em São Francisco de Assis. Diz o Papa na Laudato si’: Trata-se de “propor uma sã relação com a criação como dimensão da conversão integral da pessoa (n.218). “Em primeiro lugar , implica gratidão e gratuidade, ou seja, um reconhecimento do mundo como dom recebido do Pai (...) Implica ainda consciência amorosa de não estar separado das outras criaturas, mas de formar com os outros seres do universo uma estupenda comunhão universal” (n.220); “enriquece esta conversão ecológica, a consciência de que cada criatura reflete algo de Deus e tem uma mensagem para nos transmitir, ou a certeza de que Cristo assumiu em Si mesmo este mundo material e agora, ressuscitado, habita no íntimo de cada ser, envolvendo-o com o seu carinho e penetrando-o com sua luz; e ainda o reconhecimento de que Deus criou o mundo” (221).

A missa de abertura do Sínodo será presidida pelo Papa Francisco, na Basílica de São Pedro, no domingo, dia 06, às 10h local. O encerramento será no dia 27 de outubro.

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Jaime C. Patias, IMC, Conselheiro Geral para América.

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