O convite do amor aos inimigos é para não julgar e não condenar, usando de misericórdia e colocando-nos frente a frente, de modo consequente, diante das exigências do Evangelho de Jesus.
Por Geovane Saraiva*
O convite do amor aos inimigos é para não julgar e não condenar, usando de misericórdia e colocando-nos frente a frente, de modo consequente, diante das exigências do Evangelho de Jesus, numa sociedade que propõe relações não humanizadas, longe de Deus. Discutir e viver com exigência extrema tal amor, como marca e sinal do cristianismo, é consolidar a honestidade e a ética, natural nos direitos e deveres das pessoas, numa ruptura com a lógica do mundo hodierno, onde se percebe tão natural o agir pagão. Por isso, Jesus usa as seguintes palavras: “Até os pecadores amam aqueles que os amam” (Lc 6, 32).
Fazer a diferença, na vivência do amor, a ponto de amar os inimigos, “sendo misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso”, é o chamado para o seguidor de Jesus de Nazaré. Ele é chamado a uma mentalidade cristã, porque foi, de verdade, iluminado pela luz do Evangelho, distinguindo-se pela caridade e pelo perdão, numa radical mudança de mentalidade, pensamento e sentimento.
A necessidade de amor mútuo e de reconciliação, por parte dos cristãos, para que a paz possa reinar, vemo-la nos sinais de esperança. Ela é real quando do amor pelos inimigos e da oração por aqueles que nos perseguem, na plena confiança em Deus, que, na sua misericórdia infinita, não só exige amor, mas nos assegura o genuíno amor, naquilo que é impossível, fazendo-o possível.
Jesus, que conhece o íntimo do coração das pessoas feridas pelo pecado, e também os estigmas de vingança, quer, apesar de tudo, revelar seu perdão, não como um dom reservado aos bons e santos, mas sim como um compromisso e um dever dos seus seguidores, evidentemente numa busca de profunda conversão, tendo como cerne a proposta desafiadora, no seu programa tão coerente quanto abrangente.
Nunca devemos prescindir da imagem do apóstolo Paulo: a do homem celestial (1 Cor 15, 49), com plena glória, mas com seu início nesta vida do aqui e agora. Que Deus nos convença, sempre mais, de que, pelo batismo, a criatura humana é vivificada na graça do Espírito Santo, que quer afastar o velho pecado de Adão, ao se manifestar e resplandecer nas ações humanas. Assim seja!