Que não pairem dúvidas de que só unidos uns aos outros somos fecundos e fortes, capazes de perceber o essencial, na doçura infalível da criança da estribaria de Belém.
Por Geovane Saraiva*
Entendemos como urgente contemplar, neste tempo do Advento, o Menino Jesus que, na sua inaudita boa-nova da esperança, oferece-nos a certeza de que só nele e com ele seremos capazes de entrar na lógica de que um mundo melhor é possível, sob o signo do otimismo e da esperança. Que Deus nos dê a graça de perceber o paradoxo do Natal: grande, indescritível, única e maior razão de nossa expectativa existencial. Quando José e Maria encontram as portas fechadas na hospedaria da cidade, tendo que se deslocarem à periferia, para que Jesus lá nascesse, constata-se revelação divina.
Diante do que é mais elevado, somos convidados, não somente a pensar, mas a acolher Deus feito homem no nosso interior, nascido, na natureza, entre os animais. E, a partir dele, urge percebermos sua misteriosa grandeza, impulsionando-nos a edificar a vida, sendo que a pessoa humana se situa no centro de tudo que existe, que é obra das mãos de Deus. A ela, convidada a buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, na confiança sempre maior de todas as coisas as quais se acreditam, serão dadas por acréscimo (cf. Mt 6, 33).
Ver a salvação com os próprios olhos, esperando a chegada de Deus, no processo em que os cristãos estão envolvidos, neste tempo do Advento, que todos se convençam a acolher e, ao mesmo tempo, difundir a justiça e a paz divina, no rosto de tantos irmãos desfigurados. Que chegue a consciência, sempre cada vez maior, de que a verdadeira justiça de Deus não consiste em distribuir presentes aos homens, mas sim em construir seu futuro.
Na riqueza do Evangelho de Jesus, somos chamados a encontrar o remédio eficaz aos males dolorosos, os quais perseguem o mundo e a humanidade. Só mesmo voltado ao Menino Jesus da manjedoura é que se cumpre rastrear o verdadeiro e único caminho, mas de um modo desprendido, igualmente, revestidos do manto da justiça, da reconciliação e da paz, no que Deus nos propõe: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados" (Lc 2, 14).
Um mundo sólido, com clareza dos traços de paz, somente existirá quando as pessoas compreenderem que são chamadas a participar, dando as mãos e acreditando no grande sonho, conforme o dizer de Dom Helder: "Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Mas quando se sonha em comunidade, é o começo de uma nova realidade". Sendo assim, fica para trás o tempo de se apelar aos gênios, sábios e santos, de um modo isolado. Na indiscutível sabedoria de Deus, que não pairem dúvidas de que só unidos uns aos outros somos fecundos e fortes, capazes de perceber o essencial, na doçura infalível da criança da estribaria de Belém. Amém!