Deus, alimento e remédio

No capítulo 6 do Evangelho de São João, já no seu início, vemos o milagre da multiplicação dos pães.

Por Geovane Saraiva*

No capítulo 6 do Evangelho de São João, já no seu início, vemos o milagre da multiplicação dos pães. Em seguida, na continuação do texto, logo é indicada a revelação do verdadeiro sentido dos sinais divinos do Filho de Deus, contemplando-o como o pão vivo descido do céu e que dá vida ao mundo.

americanpelicanSempre na minha vida de sacerdote, agora rendendo graças ao bom Deus pelos 30 anos (14/08/2018), guardei o inquestionável sentido metafórico do bom pelicano do deserto, jamais me esquecendo do belíssimo comentário de São Jerônimo: “Sou como um pelicano do deserto, aquele pássaro bom que fustiga o peito e alimenta com o próprio sangue os seus filhotes”.

Quanta simbologia, manifestada na radical obediência e entrega do Filho de Deus! Essa obediência nos convida, com Ele, a nos configurar, deixando claro que temos de abraçar o indizível mistério, evidentemente numa atitude totalmente solidária, deixando-nos conduzir pelo Espírito de Deus, a apontar o caminho da glória.

Deus nos convida a sermos instrumentos do seu projeto de amor, nunca virando as costas aos que o procuram, cumulando-os das graças necessárias para a caminhada do dia a dia, quando se experimenta a doçura da Eucaristia. É Deus sempre conosco, atraindo-nos com infinita misericórdia, a ponto de propiciar-nos acolhida e convívio, sobretudo convencendo-nos do futuro, que será na plenitude eterna.

Com o fogo do amor de Deus, no alimento eucarístico, é possível perceber os sinais do Reino de Deus já aqui na terra, no seguimento de Jesus de Nazaré, contudo em um desejo ardoroso de colocar lenha na fogueira desse mesmo amor, para que o fogo, aceso por Cristo, possa arder sempre e cada vez mais no nosso mundo.

Jesus faz-se alimento no deserto da vida humana; ele é o enviado do Pai, comprometido com o alimento dos seus irmãos em peregrinação, dando-lhes força para superar todos os percalços, inerentes à vida e à missão. Ensina-nos que a verdadeira solidariedade se ratifica somente quando não se espera nada em troca, ou seja, na certeza de que a recompensa vem de Deus, no alimento capaz de nos tornar incansáveis, além de nos vivificar e nos fortalecer diante dos desafios da vida. Amém!

*Geovane Saraiva é padre, jornalista, colunista e pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE. Da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza geovanesaraiva@gmail.com

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