O consumo de álcool tem aumentado de forma alarmante em nosso país, em ritmo muito maior do que o crescimento da população, isto em todas as faixas etárias.
Por Juacy da Silva
Apesar de ser um produto legalizado, cuja comercialização deve obedecer a certos requisitos legais como idade do consumidor ou mesmo ser considerado um produto classificado como indústria da alimentação, as bebidas alcoólicas acarretam problemas sérios para população mundial, incluindo a população brasileira.
O álcool causa dependência em seus usuários, transformando-os em alcoólatras, razão pela qual o alcoolismo é considerado uma doença crônica que afeta consideravelmente a saúde física e mental dos dependentes, com alterações neurológicas profundas, razão pela qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) e diversos governos lançarem alertas para a gravidade do alcoolismo.
No mundo o alcoolismo atinge mais de 18,3% da população, causando anualmente a morte de 3,3 milhões de pessoas, em alguns países esta dependência atinge mais de 22% da população e tem consequências extremamente danosas para a economia, para os sistemas de saúde e para a vida das pessoas (dependentes) e seus familiares, incluindo o aumento da violência doméstica, da violência urbana e da violência no trânsito.
No Brasil a situação também não é diferente. O consumo de álcool tem aumentado de forma alarmante em nosso país, em ritmo muito maior do que o crescimento da população, isto em todas as faixas etárias, incluindo crianças, adolescentes e jovens abaixo da idade mínima exigida pela Lei para que uma pessoa possa adquirir e consumir livremente bebida alcoólica, principalmente pela impunidade como a comercialização é feita em nosso país.
Os dados estatísticos relacionados com o alcoolismo no Brasil são extremamente subnotificados e, mesmo assim, alguns estudos indicam que o percentual de alcoólatras na população acima de 12 anos seja entre 7,5% a 10,0%, podendo chegar até mesmo até 12%, totalizando mais de 15 milhões de dependentes e mais de 160 mil mortes por ano.
De acordo com reportagem do jornal Folha de São Paulo, de 22 de janeiro último (2018) o consumo diário de álcool entre idosos (classificados como alcoólatras) já chega a 9% no Brasil. Isto significa que em 2018 para uma população de idosos na ordem de 32,5 milhões de pessoas, aproximadamente 2,9 milhões são dependentes do alcoolismo. Em 2030 estima-se que a população de idosos no Brasil será de 41,5 milhões, quando teremos só nesta faixa etária mais de 3,74 milhões de pessoas; se o percentual de alcoolismo entre idosos chegar a 11%, teremos mais de 4,5 milhões de idosos dependentes do álcool.
De acordo ainda com a OMS o consumo médio de álcool no mundo é de 6,2 litros per capita/ano e no Brasil esta média é bem superior chegando a 8,7 litros per capita/ano.
Tendo em vista que o alcoolismo vem aumentando de forma significativa em nosso país, se nada for feito, ou seja, se o alcoolismo não for devidamente considerado como um problema muito sério para a saúde pública e para a segurança pública, dentro de poucos anos nosso país também será campeão mundial do alcoolismo, da mesma forma que caminhamos para sermos campeões da corrupção e da incompetência na gestão pública, na miséria e exclusão social.
Os custos econômicos e financeiros do alcoolismo no Brasil representam 7,3% do PIB, incluindo os custos do absenteísmo no trabalho, internações e atendimentos médico-hospitalares, indenizações, acidentes de trânsito, aumento da violência, incluindo homicídios cometidos sob efeito do álcool e outros custos que recaem sobre as famílias e os dependentes.
Em termos econômicos e financeiros esses custos chegaram a mais de R$372,5 bilhões de reais em 2014 e deverão representar mais de 9% do PIB dentro de poucos anos, superando em muito a soma dos orçamentos da saúde dos governos federal, estaduais e municipais, incluindo também da saúde complementar.
Uma última observação, enquanto tem sido constatado o aumento do alcoolismo na população idosa acarretando mais problemas relacionados com a demência, depressão e, inclusive, suicídios; diversos estudos vem indicando que também a idade de inicio do consumo de bebidas alcoólicas vem sendo reduzida a cada ano. No Brasil, metade dos dependentes (alcoólatras) informam que iniciaram este vício ou adição antes dos 15 anos e, geralmente, além do alcoolismo outras dependências químicas como o tabagismo e outras drogas ilícitas acabam tornando o problema mais sério ainda.
Como estamos em período pré-eleitoral seria de bom alvitre que os partidos e candidatos colocassem na pauta das discussões esta questão, para que a mesma viesse a fazer parte de seus planos ou propostas de governo e estivesse incluída na definição de políticas públicas, principalmente nas áreas da educação, da saúde e da segurança pública.
Este problema, da mesma forma que tantos outros iguais ou mais graves, exigem ações concretas e não discursos eleitoreiros, a população já está farta de mentiras oficiais e de blá-blá-blá de políticos e gestores que gostam mesmo é de seus privilégios e de enganar o povo.