Mais um dia dedicado à mulher.
de Carlos Roberto Marques
Até poderia ser chamado Dia da Mãe, mas por certo ficaria limitado a homenagens àquela que gerou ou àquela que adotou e criou; e cada um iria prestar tributo à sua própria mãe. Ao se pluralizar, amplia-se o número das homenageadas e se dá chance a muita gente de lembrar pessoas que merecem igual ou maior atenção.
Quantos teriam recebido os cuidados ou foram mesmo criados por uma tia, pela avó, pela madrinha, ou até pela irmã mais velha? Quantos teriam ficado sob os cuidados de uma vizinha, enquanto a mãe se ausentava para o trabalho? Quantos ficaram internados em uma creche, entregues a uma cuidadora?
Não será então a relação consanguínea ou a relação familiar que definirá quem merece nossa homenagem. O que deverá definir é a afetividade e o reconhecimento a cada mulher que passou por nossas vidas e de alguma maneira nos ajudou a crescer, nos favoreceu ou influenciou, e deixou em nós uma marca, uma lembrança, uma saudade.
Mães de sangue, mães adotivas, mães de criação, mães de leite, mães afetivas, todas são igualmente mães, mas, sobretudo, são mulheres, as mulheres de nossas vidas. A mãe de nossos filhos, mães amigas, mães de amigos, que nenhuma seja esquecida. Aquela professora da infância ou da adolescência, que nos ensinou, que nos estimulou, que nos tratou como a um filho; nossa chefe, que às vezes deixava de lado sua autoridade e nos olhava e orientava maternalmente. Quantas mulheres em nossas vidas, quantas mães!
Mães pobres, mães ricas, mães cultas, mães analfabetas, mãe é mãe. Vamos lembrar delas não pelo que eram, mas pela atenção e pela maneira como nos cuidavam, pelo carinho que nos dispensavam. Mães cheirando a perfume, mães cheirando a gordura, de jaleco e estetoscópio ao pescoço, ou de “avental todo sujo de ovo”, o importante será mesmo sua presença, seu colo, seu abraço, seu beijo.
Mães jovens, cuidando da criação e educação de suas crianças; mães idosas, que se preocupam ainda com o bem-estar dos filhos, sua saúde, sua condição financeira, como se ainda a responsabilidade fosse delas; e de quebra incluem os netos, que lhes dão prazer, mas também lhes tiram o sono.
Mães que o Pai do Céu chamou para sua companhia, e que jamais serão esquecidas, unem terra e céu; deixam nos filhos um pouco de si mesmas, levam dos filhos as lembranças de todo carinho recebido, para de lá interceder por todos eles.
O Dia das Mães é assim mais um Dia da Mulher, que, por sua natural vocação, não foge à responsabilidade de, em algum momento, prestar seu socorro e sua solidariedade como se mãe fosse. Em seu romance Os Sertões, Euclides da Cunha escreveu: “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Permito-se parafraseá-lo afirmando: a mãe é, antes de tudo, uma mulher forte; se não o for, a maternidade, qualquer que seja a forma, a tornará forte, incrivelmente forte. Que Deus Pai e a Mãe do Céu abençoem todas as mães, todas as minhas mães.