A culpa é do governo Temer

Os níveis de rejeição do governo Temer e a avaliação extremamente negativa que a população faz do desempenho do presidente, o deixa sem apoio nas massas.

Por Juacy da Silva

O antigo PMDB, atualmente, MDB foi maior e o aliado preferencial dos governos Lula e Dilma, dividindo com o PT e diversos outros partidos, a grande maioria que continua apoiando o governo Temer. Neste contexto, Temer e seus parceiros são corresponsáveis por todas as mazelas que o atual governo imputa aos dois governos anteriores.

Fora-Temer-DiretasEm um dado momento, quando Temer escreveu o documento “Uma ponte para o futuro”, na verdade estava balizando as manobras, consideradas golpistas pelo PT e demais partidos de esquerda, antigos aliados nos governos Lula/Dilma, que culminaram com o “impeachment” de Dilma, possibilitando a Temer e ao MDB ocuparem a Presidência da República, sem ter a chancela dos eleitores.

O governo Temer tem sido fustigado duramente nesses pouco mais de dois anos por acusações e investigações de corrupção, incluindo o próprio presidente que, por duas vezes, só escapou de ser investigando e processado pelo STF, graças a uma maioria constituída por parlamentares fisiológicos e mais de uma centena também investigados por corrupção, além de mais de dez de seus ministros que também estão sendo investigados por crimes de colarinho branco e alguns que até já estão presos.

As diversas pesquisas de opinião pública tem demonstrado que Temer é, ao lado de Sarney, também “medebista” que herdou um governo sem votos, graças à morte de Tancredo Neves, um dos ou talvez o mais impopular governante da história republicana, em mais de um século. Os níveis de rejeição do governo Temer e a avaliação extremamente negativa que a população faz do desempenho do próprio presidente, o deixa sem apoio nas massas, diferente de Lula, que, mesmo preso continua sendo o preferido dos eleitores, conforme todas as pesquisas de opinião vem demonstrando, inclusive uma do IBOPE e outra do Vox Populi desta semana.

Diante de um governo que podemos denominar de incompetente, principalmente por não conseguir planejar suas ações, que ocorrem ao sabor do momento ou da crise em curso e que não tem visão estratégica e nem dialética dos fatos políticos, econômicos e sociais, a gota d’água foi a indicação de Pedro Parente para a direção da Petrobras, um tucano da época de FHC, de quem o PMDB e o próprio Temer eram parceiros e sócios, com carta branca para fazer o que bem entendesse, para “recuperar” a maior estatal brasileira, dilapidada e destruída pela corrupção, da qual o partido de Temer também participou, conforme a LAVA JATO vem demonstrando sobejamente.

Ao alinhar os preços dos combustíveis, inclusive do etanol que é produzido no Brasil, aos preços internacionais do petróleo e à variação do dólar, estava sendo montada uma bomba-relógio que iria explodir no colo do governo, como aconteceu com aquela bomba do Rio Centro que explodiu, literalmente, no colo de um militar que participaria de um grande atentado durante o período dos governos militares.

Além disso, Temer herdou, para sua desgraça uma enorme carga tributária que vem sendo elevada continuamente desde o governo FHC e que hoje já beira os 40% do PIB brasileiro, sem que o cidadão e a população consigam ver os frutos desta extorsão tributária na forma de serviços públicos de qualidade. O povo é sacrificado, paga trilhões de reais em impostos, taxas e contribuições e nada recebe em troca, o que não deixa de ser uma vergonha nacional.

O governo Temer, além de impopular e incompetente, também tem se mostrado fraco, pusilânime diante do crime organizado que age abertamente, diante da corrupção que continua correndo solta no país e em seu próprio governo; diante dos políticos fisiológicos que não apenas chantageiam seu governo mas também estão com um pé em duas canoas, prestes a abandonar o barco; e, agora, diante desta greve dos caminhoneiros e dos grandes grupos empresariais ligados ao setor de transporte, um setor marcado também por muita corrupção, verdadeiras máfias que agem contra os interesses do povo não apenas no transporte urbano, mas também no transporte intermunicipal e de cargas.

Mesmo tendo aceito, de joelhos, todas as reivindicações dos caminhoneiros e dos empresários do setor de transportes; ou mesmo tendo ameaçado o uso da força policial e dos militares não tem conseguido acabar com a greve e possibilitar o retorno da normalidade neste setor estratégico da vida nacional, colocando em risco não apenas as atividades econômicas, mas a vida das pessoas.

Diante da arrogância dos grevistas e indignação da população tem faltado ao governo Temer a coragem para o uso da força para por fim a esta crise, que a cada dia se torna mais grave e que poderá encurtar seu mandato ou até mesmo colocar em risco a estabilidade democrática e institucional.

A bomba está com o pavio embebido em gasolina e pronta para explodir, só está faltando quem vai acender o pavio, com muita probabilidade antes de meados de setembro, quando termina o mandato da Ministra Carmem Lúcia como presidente do STF e em seu lugar será empossado o ministro Dias Tofoli, antigo colaborador de José Dirceu, o todo poderoso ministro do governo Lula. Quem viver verá!

Juacy da Silva, professor universitário, UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

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