O pensamento foi exposto em entrevista concedida nesta terça (23) em Londrina (PR), durante intervalo das atividades preparatórias para o 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base.
Por Gibran Lachowski
A utopia de uma ação pastoral envolvida com as causas sociais, próxima do povo, a partir do chão de sua realidade mais profunda, pode nos remeter a um cenário de décadas atrás, quando considerável parcela do clero e dos leigos engajados no Brasil se fez profeta de carne e osso. Mas esse é justamente o único futuro possível para a Igreja Católica no país, acredita Carlos Alberto Libânio Christo, o frade dominicano e escritor Frei Betto.
“Eu acredito que a Igreja no Brasil não tem futuro fora das CEBs... a Igreja Católica. (...) Nós precisamos voltar a ser uma Igreja profética, missionária, evangelizadora, como foi nos anos 70 e 80 em plena ditadura militar”.
O pensamento foi exposto em entrevista concedida nesta terça (23) em Londrina (PR), durante intervalo das atividades preparatórias para o 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Trata-se do maior evento das CEBs do Brasil, que ocorre a cada quatro anos, e que reunirá cerca de 3 mil pessoas e tem nesta edição como tema central os desafios do mundo urbano. Frei Betto participa do Encontro e assessora a miniplenária sobre desafios da Formação e da Educação.
Avesso à exposição midiática, ele faz um apelo à organização a partir dos de baixo, dos leigos, para romper com a institucionalidade da Igreja. Mas para isso não se deve aceitar ser “ovelha tosquiada”. Cita Karl Marx e Paulo Freire e diz que as Comunidades Eclesiais de Base (as CEBs) devem ser feitas em todos os lugares possíveis, como condomínios, locais de trabalho, clubes, escolas e não apenas no espaço rural e nas periferias das cidades.
Frei Betto ressalta a importância do 14º Intereclesial neste momento histórico, em que direitos sociais são atacados e a população tem dificuldade de reagir de forma contundente. Ele qualifica o Judiciário brasileiro de “parcializado e partidarizado” e destaca a importância da comunicação popular feita pelos veículos alternativos. “A gente não deve se preocupar com a grande mídia. Hoje a grande mídia é que deve se preocupar com a mídia alternativa que aparece através das redes digitais”.