Quem teve a graça de conhecê-lo, de com ele conviver e trabalhar, pôde atestar, agradecido ao bom Deus, sua vida como sendo uma dádiva do céu para o povo brasileiro.
Por Geovane Saraiva*
A partir do mistério da encarnação, como é importante pensar e meditar na salvação que nos é oferecida como dom e graça! Cristo Jesus, com seu glorioso nascimento, entrou na nossa história e penetrou no profundo do Universo, convencendo-nos de que ele é o centro misterioso de toda a criação. Alicerçados na vontade de Deus, somos chamados sempre mais a buscar sua verdadeira imagem, “na graça salvadora de Deus que se manifestou a todos os homens” (Tt 2, 11).
É na alegre, afável e harmoniosa esperança da frágil criança na manjedoura de Belém, bem dentro do contexto do Natal do Senhor, que recordamos Dom Aloísio Lorscheider, que há dez anos partiu deste mundo (23/12/2007). Quem teve a graça de conhecê-lo, de com ele conviver e trabalhar, pôde atestar, agradecido ao bom Deus, sua vida como sendo uma dádiva do céu para o povo brasileiro, sempre lembrado de sua fecunda presença de 22 anos entre o povo cearense. Era um profeta de voz doce, e, diante da insensatez do mundo, ecoou essa voz bem alto e em bom tom, em circunstâncias de muito sofrimento e ausência de liberdade da vida do povo brasileiro.
O Cardeal Lorscheider anunciou com força a esperança cristã, em conformidade com o Evangelho, sendo um sinal vivo de Deus. Identificado com o a Boa Nova de Jesus, sonhava em ver a criatura humana vivendo em melhores condições de vida e com mais dignidade, sobretudo aqueles que Deus colocou como ovelhas do seu rebanho. Também travou uma árdua e envolvente luta a favor da redemocratização, da liberdade de expressão e do fim da tortura em nosso querido Brasil, dentro da dura realidade da falta de liberdade vivida pelo povo brasileiro, sem jamais se cansar.
Certamente, a exigente e acintosa realidade do Nordeste brasileiro o levou a redescobrir a verdadeira face de Deus, numa vida inteiramente aberta ao seu Senhor e aos irmãos, traçando, assim, os passos de sua ação pastoral, dentro da coerência franciscana, longe de intolerância e intransigência, sendo um sinal vivo do Seu amor, no sonho de uma sociedade mais inclusiva, sem nunca lhe faltar a ternura e a coragem do bom pastor.