O triste para o terceiro servo da parábola dos talentos, foi não ousar e sua falta de atitude e postura, com desconfiança ou medo daquele senhor, enterrando o talento que lhe fora confiado.
Por Geovane Saraiva*
Deus nos dá dons ou talentos, e Jesus nos convida a multiplicá-los, jamais mantê-los escondidos ou debaixo do chão. Acolhendo-os generosamente, devemos compartilhá-los, numa atitude de confiança ou de coragem, a ponto de tornar possível dar bons e abundantes frutos. O Papa Francisco asseverou que a parábola dos talentos (19/11/2017) faz-nos entender como é importante ter uma ideia verdadeira de Deus, chamando-nos a atenção para uma responsabilidade pessoal e fidelidade “que se torna também capaz de colocar-nos novamente a caminho em novas estradas, sem ‘enterrar o talento’, ou seja, os dons que Deus nos confiou, e dos quais nos pedirá conta”.
A parábola em si revela uma estrutura desigual, mas não injusta, visto que cada um recebeu segundo a sua própria capacidade. Além disso, o que importa para Deus são: o engajamento, o testemunho e a generosidade. Aqui me recordo da inesquecível Irmã Dorothy, ao abraçar a proposta do Evangelho, indo, com seus dons e talentos, residir na floresta amazônica, por opção de vida, por mais de 30 anos, repleta de ternura, paixão e compaixão pela referida floresta amazônica e seus habitantes. Mulher forte, foi determinada com seu estilo de vida e uma mística a causar medo e contrariar os que queriam outro projeto concentrador para a floresta, semelhante ao do senhor da referida parábola (cf. Mt 25, 14-30).
O grande pecado dos seguidores de Jesus de Nazaré consiste no medo de não arriscar e também na inércia e falta de criatividade. É nesse contexto que enxergamos o grande pecado dos que abraçam a fé e experimentam a esperança cristã, faltando-lhes a mística de ser sempre consequente e de se aventurar. O triste para o terceiro servo da parábola dos talentos, foi não ousar e sua falta de atitude e postura, com desconfiança ou medo daquele senhor, enterrando o talento que lhe fora confiado.
Ele é condenado, mesmo sem ter cometido ação injusta alguma, também pela recusa de favorecer o patrão. O que está por trás da parábola não é o estímulo aos bens materiais, de modo algum, mas que todos percebam os dons recebidos de Deus. O Senhor Deus quer contar com nosso empenho, fidelidade e atenção na administração dos dons, produzindo muitos e bons frutos, recordando-nos, assim, a vida de Irmã Dorothy Stang, no testemunho do seu martírio pela Floresta. Amém!