Balanço da visita do papa Francisco à Colômbia

Papa realiza sua vigésima Visita Apostólica às cidades de Bogotá, Villavicencio, Medellín e Cartagena.

Por Julio Caldeira*

Durante os cinco dias da Visita Apostólica do Papa Francisco à Colômbia, foram realizadas 29 atividades que congregaram quase sete milhões de pessoas. Estas atividades foram missas campais, encontros com autoridades civis e religiosas, encontros com representantes dos jovens, vítimas e “vitimários” do conflito armado na Colômbia, indígenas, afro-colombianos, religiosos e suas famílias.

LogoViajePapaColombia_CEC_300517Visitando as quatro cidades, Bogotá, Villavicencio, Medellín e Cartagena, o Sumo Pontífice demonstrou muita proximidade com as pessoas, cativando por sua simplicidade e pelas “quebra de protocolo” para estar mais próximos delas, especialmente das crianças, enfermos e anciãos. Sente-se o Papa coerente nas palavras, gestos e testemunhos que oferece às pessoas quanto à vivência da fé e do compromisso social de trabalhar por um país mais fraterno que luta contra as desigualdades sociais, a pobreza e a violência em todas suas dimensões. O povo colombiano segue dizendo: “Obrigado Francisco, por ser mensageiro de paz e reconciliação”, mesmo após a partida do papa para Roma.

Balanço geral
O vice-presidente da República, Óscar Naranjo, fez um balanço geral dos cinco dias da visita do papa: foram 29 atividades que congregaram mais de 6.800.000 colombianos e estrangeiros. Colaboraram diretamente 19.660 voluntários, 9.740 pessoas da logística, 561 bombeiros, 7.880 socorristas e 36.600 policiais e militares. Recordou ainda Naranjo, que os delitos de alto impacto foram reduzidos em mais de 70% e as lesões corporais baixaram 84%. Em território colombiano, Francisco viajou 1.331km por via aérea e 135km por via terrestre, sendo 11 recorridos em Papamóvel.

A nível comunicativo, estiveram credenciados mais de 30.000 jornalistas. Foram milhões de postagens sobre sua visita ao país. Ele ocupou o primeiro lugar no twitter a nível mundial, por exemplo. Praticamente todos os meios de comunicação colombianos fizeram a cobertura da Visita do Papa, alguns durante as 24 horas, outros durante e nos intervalos dos eventos. Segundo estimativa, 80% da população colombiana (sejam católicos, de outras crenças, agnósticos, ateus) acompanharam a visita pessoalmente ou pelos meios de comunicação.

Dia a dia da visita
Na quarta-feira, 6 de setembro, o papa pisou em terras colombianas às 16h30. Depois de receber as honras de chefe de Estado, sua primeira aparição pública foi no papamóvel do aeroporto à Nunciatura Apostólica, onde pernoitou todos os dias. Na porta da Nunciatura foi recebido com muita alegria pelas crianças e jovens recuperados de situações de vulnerabilidade como a prostituição, graças ao projeto IDIPRON.

Na quinta-feira, 7 de setembro, o papa visitou Bogotá, capital e metrópole com oito milhões de habitantes, onde teve encontros com membros do Governo, da Conferência Episcopal Colombiana (CEC) e do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), bem como um encontro para uma multidão de jovens que acompanhavam alegres sua mensagem e o aclamavam diversas vezes dizendo: “Esta é a juventude do Papa”. O Papa fez uma oração silenciosa e fervorosa aos pés do quadro de Nossa Senhora de Chiquinquirá, padroeira da Colômbia, que viajou quase 200km desde o Santuário até a Catedral Primada da Colômbia. À tarde celebrou sua primeira missa campal no parque Simón Bolívar para mais de um milhão e seiscentos mil fiéis. A temática deste dia girou em torno à vida e a paz. Na porta da Nunciatura se encontrou com um grupo de pessoas enfermas e com deficiências.

Certamente o dia mais esperado pelos colombianos foi sexta-feira, 8. Neste dia o Papa visitou a cidade de Villavicencio, porta de entrada da Amazônia e da planície colombiana, onde tratou, com palavras e gestos, o tema da reconciliação em três âmbitos: com Deus, entre as pessoas e com a natureza. Esta é uma das zonas que mais sofrem com o conflito armado e com o desmatamento. Celebrou uma missa campal, onde beatificou dois mártires colombianos: o bispo Jesus Emilio Jaramillo e o sacerdote Pedro María Ramírez, vítimas do conflito armado. Depois participou de um grande encontro de oração pela reconciliação nacional (junto a 6.000 vítimas e “vitimários” do conflito); neste encontro duas vítimas e dois “vitimários” partilharam seu testemunho de perdão e reconciliação. Na «Cruz da Reconciliação», fez uma breve oração e plantou uma “árvore da paz”, como recordação de que todos devemos plantar algo para que haja verdadeira paz na Colômbia e no mundo. Esta noite se encontrou na Nunciatura com outras vítimas do conflito.

No sábado, 9 de setembro, o papa esteve em Medellín, capital religiosa da Colômbia, onde tratou dos temas vocação e serviço cristão. Mesmo com o atraso pelo mau tempo, cumpriu sua agenda na cidade com exatidão. Celebrou outra santa missa campal para mais de um milhão de pessoas. Visitou o “Lar Infantil São José” (obra social que acolhe crianças e adolescentes abandonadas, toxicodependentes e vítimas de exploração sexual e violência intra-familiar) e depois teve um encontro mais de 22 mil sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas e suas famílias de origem. Na porta da Nunciatura se encontrou com vários recém-casados, casais que celebram suas bodas e com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas.

No seu último dia de visita, domingo, 10, o Papa saiu da Nunciatura até o aeroporto no “papamóvel” para despedir-se dos bogotanos; foi saudado por mais de 700 mil pessoas. Dirigiu-se à cidade de Cartagena das Índias, no caribe colombiano, onde a presença afrodescendente supera 74% da população. Tratou especificamente dos temas de luta contra a pobreza, a violência, a escravidão e o tráfico de pessoas e drogas. Fez um tour pelas ruas do bairro periférico de San Francisco. Visitou e abençoou dois projetos sociais arquidiocesanos: o Talitha Qum (que atende crianças e adolescentes com alto risco de vulnerabilidade) e pôs a primeira pedra das casas para acolher os sem-teto. Também visitou a casa da Sra. Lorenza Pérez, uma líder comunitária que dá exemplo de solidariedade, preparando e alimentando diariamente cem pessoas. Pouco antes do meio dia rezou o tradicional “Ângelus” na San Pedro Claver e visitou casa Santuário de San Pedro Claver, padroeiro dos direitos humanos. À tarde abençoou, na baia de Cartagena, a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes e celebrou no porto sua última missa campal, que reuniu quase um milhão de pessoas. Do aeroporto internacional de Cartagena regressou para Roma, depois da despedida por parte do Governo colombiano.

Em sua viagem de regresso a Roma, como já é costume, o pPapa Francisco fez um breve resumo dos temas e das imagens que marcaram sua visita na Colômbia, e respondeu a pergunta dos jornalistas que o acompanharam na sua vigésima Visita Apostólica desde que iniciou seu pontificado em 2013.

Julio Caldeira, imc, é diretor da Revista Dimensión Misionera (Colômbia).

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