A história fecundada por Deus

A Igreja nasce do anúncio do Evangelho, no abraço do projeto divino confiado a Jesus de Nazaré. Sabemos que é santa e pecadora, sempre necessitada de conversão.

Por Geovane Saraiva*

A Igreja está inserida neste imenso mundo, que é o campo de ação, onde se encontram plantados o trigo e o joio. Na verdade, ela nasce do anúncio do Evangelho, no abraço do projeto divino confiado a Jesus de Nazaré, que precisa, sem medo de errar, estar de acordo com a Parábola da Boa Semente. Sabemos que a Igreja é santa e pecadora, sempre estando necessitada de conversão, além de ser pobre, servidora, despojada e missionária. Segundo o Papa Francisco, “a nós cristãos, cabe o discernimento entre o bem e o mal, conjugando decisão e paciência. Nesse sentido, devemos evitar julgar quem está ou não no Reino de Deus, pois todos somos pecadores”. Fica claro o convite de se inserir na realidade das pessoas mais identificadas com os empobrecidos, sendo fermento de uma vida de irmãos, digna e fraterna, sinal definitivo do Reino de Deus.

TrigoejoioEsse sinal chega a ser esperança de fecundar a história - esperança sendo a palavra de ordem -, protegendo-nos de todo mal e desânimo, que, de acordo com o apóstolo Paulo, “é para nós qual âncora da alma, segura e firme” (cf. Hb 6, 19), que indica para a humanidade a consciência de filhos de Deus e irmãos uns dos outros, como protagonistas e destinatários do Reino, no sonho solidário de Deus Pai, antecipação da glória futura.

Esperança quer dizer não desanimar, pois o projeto do Reino de Deus deve ser um compromisso de todas as pessoas de boa vontade em semear a boa semente e fermentar o mundo pela mensagem do Evangelho. É necessário, mais do que nunca, perceber que os gestos de Jesus semeiam bondade e justiça, distantes da ilusão do espetáculo do mundo e do seu aparente triunfo. Nossa esperança no projeto do Reino, profundamente humano, que o Filho de Deus instaurou na Galileia foi introduzido no mundo por seu poder divino: o de transformar a história da humanidade.

Nosso bom Deus nos faz o convite de exercer a paciência, a tolerância e a misericórdia, sem nunca perder de vista a beleza e a preciosidade do seu Reino. Como exemplo, temos o Santo Padre totalmente envolvido com o cuidado do campo tão vasto, que é a casa comum todos, na busca de bons resultados, no sonho de um mundo restaurado e reconciliado com Deus: “Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita. Obrigado, porque estais conosco todos os dias. Sustentai-nos, por favor, na nossa luta por justiça, amor e paz”. Assim seja!

*Geovane Saraiva é pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com

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