Mulher, eis o teu Filho! Filho, Eis a tua mãe! (Jo 19, 26-27)

A significativa data do Dia das Mães abre um amplo espaço de reflexão.

Por Dom Rodolfo Luís Weber*

A significativa data do Dia das Mães abre um amplo espaço de reflexão. Parto de um fato bíblico. Jesus, pregado na cruz, vê diante dele sua mãe Maria, o discípulo João e outras pessoas. Nesta cena horrorosa, o olhar amoroso de Jesus recai sobre a mãe Maria. É a última manifestação de carinho e cuidado confiando-a aos cuidados do apóstolo João. Também, Maria vê Jesus, seu filho amado, que passou pelo mundo só fazendo bem, sendo executado inocentemente. Sofre diante daquela situação, sem poder fazer nada.

cJesus and His Holy MotherEste fato bíblico traz elementos para a reflexão sobre a relação mãe e filho, filho e mãe. As realidades destas relações existenciais são múltiplas e únicas, portanto, é impossível generalizar.

O filho desejado, planejado e esperado pela mãe, a faz criar um universo de sonhos e expectativas. Acontece uma idealização para a vida daquele que está vindo. Espera-se sempre o ideal, o perfeito, sem nada de dor, de conflito ou imprevistos trágicos. Como é próprio da natureza humana, projetos são idealizados e vai-se tomando medidas para a sua realização. É a virtude da esperança que não se conforma com uma visão pequena da vida. Inúmeras histórias felizes podem ser contadas e cantadas. Mãe, eis o teu filho.

Entre tantos sonhos e idealizações existe o outro lado da moeda, que é a presença da dor, do sofrimento e da amargura. É sonho que se esvai paulatina ou repentinamente. É a mãe que recebe, em seu colo, o filho morto inocentemente na tragédia da violência, seja do trânsito, do latrocínio, da bala perdida, da guerra promovida por loucos, etc. Outras mães choram os filhos vendo-os tomando rumos de degradação física ou moral. O filho sonhado e desejado transforma-se em contínua dor. Mãe, eis o teu filho.

Filho, eis a tua mãe. É o olhar do filho em relação à mãe. O início da vida do filho é marcado pela total dependência biológica da mãe e com o passar dos anos chega à progressiva independência. Não é raro que a mãe vá se tornando dependente do filho. A convivência e os sentimentos vão passando por diversas situações na medida em que passam os anos. De um lado cresce o amor, a admiração, o carinho, a amizade, o respeito e o cuidado. Como também, em outros casos se desenvolvem sentimentos de desencanto, indiferença, até de abandono em situações extremas.

No Dia das Mães celebramos situações ideais e felizes. Somos solidários com as mães que têm poucas razões para sorrir e se alegrar. A imagem emblemática do calvário revela que o amor e o cuidado são possíveis em qualquer situação. Um abraço às mães e que Deus as abençoe.

*Dom Rodolfo Luís Weber é arcebispo de Passo Fundo, RS.

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