Para o Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Igreja não deve se preocupar exclusivamente com a questão dos números. O importante é focalizar no modo de evangelizar.
Por Rádio Vaticano
Uma recente pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, publicada sábado, 28 de janeiro, estima que nos últimos dois anos 9 milhões de pessoas abandonaram o catolicismo. Em 2014, a porcentagem da população que se autodeclarava católica era de 60%, enquanto neste ano 50% afirmam ser católicos. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Enquanto isso, o número de pessoas que declaram não ter religião mais que dobrou e passou de 6% para 14%. A pesquisa, feita por telefone e cujas perguntas não foram divulgadas, ouviu cerca de 3 mil brasileiros maiores 16 anos que foram selecionados por sorteio aleatório em amostragem representativa da população. O levantamento foi feito em 174 municípios.
Para o Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Leonardo Steiner, bispo auxiliar de Brasília, a Igreja não deve se preocupar exclusivamente com a questão dos números. O importante é focalizar no modo de evangelizar.
“O que preocupa não é a diminuição de números. O que tem preocupado a Conferência nos últimos 8 anos é a necessidade de nós vermos o nosso modo de evangelização. Nossa Igreja é muito mais missionária hoje, os leigos estão muito mais engajados... é uma alegria ver como os leigos participam hoje ativamente da evangelização, indo de casa em casa, senso testemunhas; os jovens hoje saindo muito mais que no passado, encontrando o povo de rua, buscando outras realidades aonde levar apoio... Nós temos percebido também que tem aumentado o número de adultos que buscam a Igreja Católica. Em Brasília, em duas ocasiões, mais de 30 adultos foram crismados, mas destes 30, mais da metade recebeu pela primeira vez a Eucaristia. Quer dizer, foram batizados na Igreja Católica, mas depois... Se existem pessoas que saem, existem também as que voltam”.
“O que preocupa mais a nossa Conferência Episcopal é o número de pessoas que afirmam não ter uma crença, não ter fé. Estamos em 9%, outros falam inclusive de 10%. Este número vem crescendo”.
“Uma pesquisa feita pelo IBGE tem demonstrado que as pessoas saem das Igrejas históricas (católicas e outras), vão para uma outra Igreja, para uma outra Igreja, para uma outra Igreja e depois... nenhuma outra Igreja mais. Têm o seu deus pessoal. As pessoas não têm mais a sua relação pessoal com a Igreja”.
“É preciso também dizer que os que nos preocupa são as chamadas ‘igrejas’ que não são igrejas porque não têm vida comunitária. Celebram seus cultos, suas curas, mas não têm vida comunitária, não têm socorro aos pobres. Então isso é um modo de expressar o Evangelho que não é um modo evangélico, que é sempre o da comunidade, da Igreja, da Assembleia – Ecclesia. Este é um motivo de reflexão. Tanto assim que o tema de nossa Assembleia de abril/maio será a iniciação à vida cristã, porque nós percebemos que as pessoas deixam com certa facilidade a Igreja porque não têm raízes. Que Deus lhes foi anunciado? Que Jesus Cristo lhes foi anunciado? Se alguém diz ‘Agora conheci Jesus’ é porque não lhe demos Jesus a conhecer. São Paulo tem uma expressão muito bonita que diz ‘Nós fomos revestidos de Cristo’. É verdade, todo batizado é revestido de Cristo, mas ele vai sendo revestido de Cristo. Nós, como Igreja, ajudamos esta pessoa a se revestir de Cristo, a se fazer Cristo”.