A importância da Rede Eclesial Panamazônica

A REPAM deveria inspirar as igrejas dos demais biomas brasileiros, principalmente no ano que vem, quando a Campanha da Fraternidade será exatamente sobre este tema.

Por Roberto Malvezzi (Gogó)

Embora formalmente já constituída, está sendo gestada na prática a Rede Eclesial Panamazônica (REPAM). Abrangendo os 9 países do bioma e os 9 estados brasileiros ali situados – incluindo o território da Amazônia Legal -, estão sendo realizados seminários nos vários cantos desse território, dialogando a realidade com a Laudato Sí e, com esse público e essas entidades, formatar a rede que se pretende. Uma nova forma de atuar nessa realidade, movida por uma espiritualidade integral, onde tudo está interligado, nessa casa comum.

amazoniabolivianaSempre com público girando em torno de cem pessoas, com representações das diversas pastorais sociais, CEBs, igrejas, movimentos sociais, presença dos ribeirinhos, índios, quilombolas, universidades, cientistas, até órgãos governamentais, é possível ver e conviver com a diversidade brasileira ali existente, com a beleza, os problemas e os potenciais inimagináveis dessa realidade ambicionada pelo mundo inteiro, mas agredida de uma forma estúpida e que deixa pasmo qualquer pessoa com um mínimo de respeito pela vida.

É provável que só tenhamos a dimensão dessa proposta quando a rede estiver tecida. A origem está no Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cáritas Latino-americana e Caribenha e Conferência dos Religiosos da América Latina (CLAR), e conta com as bênçãos do Papa Francisco.

Além dos eixos já decididos dos Direitos Humanos, defesa dos Indígenas e seus territórios etc., vai ficando claro que o “espírito de Rede” faz-se fundamental numa realidade tão vasta, tão diversificada, mas ao mesmo tempo com problemas, desafios e potenciais comuns.

A REPAM deveria inspirar as igrejas dos demais biomas brasileiros, principalmente no ano que vem, quando a Campanha da Fraternidade será exatamente sobre esse tema. A verdade é que não temos como enfrentar os desafios poderosos que a realidade nos impõe, sem que sejamos capazes de atuar articulados, com pontos em comum que todos deveriam enfocar. Da forma como estamos, mesmo com toda boa vontade e empenho, nossos biomas e povos serão destruídos. Quem sabe juntos, consigamos estabelecer efetivamente uma resistência e construir novas propostas, além de reforçar tudo de bom e importante que já existe.

*Roberto Malvezzi (Gogó) é agente da Comissão Pastoral da Terra, Juazeiro, BA.
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