Venezuela: segue a luta de classes

A direita venezuelana, depois de várias tentativas de golpes frustradas, agora quer plebiscito para tirar Maduro do cargo.

Por Elaine Tavares*

O dia primeiro de setembro está reivindicado pela direita venezuelana como um dia nacional de protestos. O líder da oposição, Henrique Capriles, que é também governador do estado de Miranda, tem ocupado de maneira ostensiva os meios de comunicação comercial – jornais e televisão - para chamar a população para rua contra o governo de Nicolás Maduro, inclusive aqueles que vivem no exterior. A marcha tem como objetivo exigir mais rapidez na realização do plebiscito que propõe revogar o mandato presidencial. Como se sabe, na Constituição venezuelana, o poder mais importante e decisivo é o poder popular e a população – com 20% de assinaturas – pode exigir plebiscitos sobre qualquer tema.

maduro_povo_A direita venezuelana, depois de várias tentativas de golpes frustradas – incluindo aí a “guerra econômica” que vem sendo travada desde o final de 2014 – agora quer que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) autorize a passagem para a etapa de recolhimento de assinaturas para garantir os 20% - em torno de quatro milhões de pessoas - que permitirão a realização de uma votação plebiscitária com o objetivo de tirar do cargo Nicolás Maduro.

A marcha é, no entanto, um ato de propaganda e desinformação, porque na verdade, conforme denunciou o dirigente do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) Jorge Rodríguez, quem está travando o processo do referendo são os próprios deputados de oposição. Ele informou que dos 113 parlamentares da Assembleia Nacional, 64 não assinaram as planilhas emitidas pelo CNE que serviriam para ativar o processo do referendo. Isso significa que 57% dos deputados não assinaram, o que inclui aí os parlamentares da oposição.

Rodríguez aproveitou também para reafirmar que a mesma oposição que implica o CNE na demora foi a responsável pela maior fraude eleitoral já vista no país quando apresentou mais de 610 mil assinaturas irregulares no processo, incluídas aí a de mais de 10 mil mortos, o que obviamente foi rechaçado pelo CNE.

A luta pelas conquistas da revolução

Enquanto a oposição organiza a marcha em Caracas para mais uma tentativa de desestabilizar o governo de Maduro, as autoridades bolivarianas seguem organizando a população em todos os cantos do país no sentido de vigiar e defender a Missão Abastecimento Soberano, que o governo está implementando para enfrentar a guerra econômica, que consiste no desabastecimento provocado pelos empresários que detém o controle da importação de alimentos.

Como os empresários escondem produtos e criam “mercados paralelos” com preços elevadíssimos, o governo tem buscado alternativas para não deixar a população mais empobrecida sem comida e produtos básicos. Essa Missão de Abastecimento Soberano é que tem levado os produtos aos mercados populares e feito o combate à criminosa ação dos empresários.

O governo também tem convocado à população identificada com o processo revolucionário bolivariano a se manifestar no dia primeiro de setembro em todos os lugares do país, não só em apoio ao governo, mas em defesa do processo participativo e popular.

Importante salientar que em meio a toda guerra econômica promovida pelos empresários locais, com apoio desde fora, a Venezuela conseguiu avançar bastante no processo de nacionalização industrial, também buscando garantir o desenvolvimento interno. Hoje, existem 86 empresas recuperadas e nacionalizadas, de diferentes produtos. Claro que ainda é muito pouco e a queda de braço com os grandes é dura. Mas, é por aí que a revolução bolivariana avança. O país precisa produzir para ao mercado interno e sair da dependência dos vende-pátria.

Agora, para o primeiro de setembro, os bolivarianos se preparam. Sabem que a oposição tem como estratégia promover a violência, como a que protagonizou em abril de 2002 e nas guarimbas (barricadas) em 2014. Por isso, a população que não está alinhada com a oposição também deve promover manifestações em outros locais do país tendo como palavra de ordem a paz. Os venezuelanos insistem para que a oposição aceite o diálogo proposto pelo presidente e deixe o país caminhar. Mas, é claro, essa não é uma coisa que vai acontecer sem luta. Nesse primeiro de setembro a ordem é não aceitar provocação. Lutar pela paz e pelas conquistas da revolução.

*Elaine Tavares é jornalista.

Deixe uma resposta

dezessete − onze =