Somos seres sociais em busca de reconhecimento. A maioria das pessoas busca este reconhecimento através das habilidades e competências inerentes ao seu trabalho e sua atuação social.
Por Nei Alberto Pies*
Vendem-se por aí pacotes com dicas e propostas para quem quer exercer liderança em diferentes grupos ou segmentos sociais. Estas propostas buscam despertar a liderança das pessoas ou buscam, tão somente, ensinar jogos e combinações de manipulação de outros em favor próprio? A capacidade de liderar é algo que pode ser ensinado? Os diferentes grupos sociais aceitam o mesmo padrão de liderança?
Existem outras questões que, há tempo, me intrigam: as pessoas nascem com o dom de serem líderes? Dá para a gente impor um estilo de liderança para todo mundo? Em que medida é possível medir o grau de confiança entre lideranças e liderados?
Somos seres sociais em busca de reconhecimento. A maioria das pessoas busca este reconhecimento através das habilidades e competências inerentes ao seu trabalho e sua atuação social. Esperam, assim, um progressivo reconhecimento dos demais pares. Quando a liderança não é imposta, há um desejo de mútuo reconhecimento, respeitando os diferentes papéis e responsabilidades de cada um. Há, no entanto, um porém: mesmo legítima e aceita pela maioria, uma liderança nunca será unanimidade.
Quando a ascensão das lideranças se dá de forma quase natural, não gera tantas resistências e incompreensões. Geralmente, as oportunidades de liderança surgem a partir de destaques pessoais,
associados a uma oportunidade de exercício de poder. Exercer certa liderança sempre nos dá poder. Este poder sempre nos é delegado por alguém, ou por um coletivo que acredita em nossas capacidades pessoais para representar os interesses da coletividade. Se assim não o for, não é legítimo e não deve ser reconhecido.
Muitos, ao ocuparem certa posição social ou autoridade, personificam o próprio poder, tornando-se eles próprios a razão de ser do poder e da liderança. Distanciam-se da coletividade que representam, tornando-se uma grande ameaça à mesma. A forma de exercermos liderança tem a ver com a nossa personalidade, o nosso jeito de lidar com a vida e com o mundo. A agressividade, que muitos pregam como ponto forte para quem deseja liderar um grupo social, nem sempre é a melhor forma de interação coletiva. O carisma, ou a falta dele, é um fator fundamental para consolidar uma liderança.
A sensibilidade, para a percepção das necessidades do grupo liderado, é indispensável para o reconhecimento de nosso papel de líderes; o diálogo permanente é a melhor forma de reatar os laços de confiança,esclarecer dúvidas e incompreensões; a disponibilidade de servir, mais do que ser servido, é o gesto mais nobre e verdadeiro de uma grande liderança.
Quem exerce liderança deve ter a percepção dos limites de seu poder. O lugar que ocupa sempre é transitório e se dá dentro de um contexto histórico. Sempre haverá alguém com mais poder acima dele, como também existe poder que vem de quem está abaixo de sua posição social. Não acreditamos que liderança seja uma “capacidade nata”. Acreditamos que há predisposições pessoais que podem colaborar para alguém exercer uma grande liderança. A capacidade de liderança pode ser aperfeiçoada por
cada um de nós, pois ninguém é totalmente incapaz e, igualmente, ninguém está totalmente preparado para servir os outros. A liderança e o reconhecimento social são conquistas cotidianas de quem pretende liderar pessoas.