O projeto de Deus a respeito da humanidade deixa claro que a vida é vocação.
Padre Geovane Saraiva*
O mês de agosto, na Igreja do Brasil, é chamado de mês vocacional. Nossa atenção quer se voltar para os nossos queridos seminaristas, suplicando ao bom Deus que tenham, diante dos olhos, mente e coração, a terna imagem de Jesus, o Bom Pastor, confiando, acreditando e oferecendo-lhe, na mais absoluta convicção, a própria vida, não se deixando bloquear pelos problemas do egoísmo e do orgulho do pequeno mundo, que ficou para trás, mas esperançosos de que o Reino é infinitamente maior. Sempre é bom lembrar Dom Helder, no conselho do Pai: “Padre e egoísmo nunca podem andar juntos. Padre tem que se gastar e se deixar devorar”.
O projeto de Deus a respeito da humanidade deixa claro que a vida é vocação, é um chamado que implica em uma resposta generosa, a partir da escuta interior. A pessoa procura responder, dia após dia, com um apelo que vai dar-lhe sentido e iluminar toda a sua existência, consciente sempre de que o chamado é pessoal, onde Deus espera ouvir um “sim”. Foi assim que Deus chamou Abraão, a ponto de submetê-lo à prova, no que ele respondeu: “Aqui estou” (cf. Gn 22, 1). A enorme fé abraâmica a vemos solidificada em Dom Helder, ao afirmar: “É graça divina começar bem, graça maior persistir na caminhada, mas graça das graças é não desistir nunca”.
O chamado de Deus para ser padre em meio aos desafios do mundo, requer uma consciência clara do absoluto de Deus, antevendo pela fé, antevendo pela fé, a realidade inefável do céu. Urge ter diante dos olhos a esperança anunciada pelos profetas, a partir de uma multidão de pessoas marcadas pela enfermidade corporal e espiritual, sem jamais deixar de levar em conta as periferias existenciais, o abismo da depressão e da angústia, pelo qual passam tantos irmãos, aparentemente, cansados da vida e da luta do dia a dia.
Seguir a Jesus de Nazaré, nesse contexto, tendo diante dos olhos a meta do ministério sacerdotal, é olhar para a realidade dolorosa do mundo com o mesmo olhar de misericordiosa ternura do Filho de Deus. Que os vocacionados saibam dizer “sim”, pela opção vocacional, ao ministério sacerdotal, acreditando de verdade que Deus quer conduzir-lhes pelo caminho de justiça e paz. Deus é fiel, revelando-se bom e generoso na vida dos cristãos, sobretudo a partir de suas dores, misérias, humilhações e sofrimentos. Assim seja!