Deus, bondade e ternura

A ternura, sinal nítido do amor de Deus, vai ao encontro das pessoas que passam decepções, que se encontram fracas, indefesas e carentes de amor, visitando-as no sofrimento físico e espiritual.

Por Geovane Saraiva*

O mistério da nossa vida é grande, belo e maravilhoso! Todo o nosso existir consta nos propósitos de Deus, numa relação tão estreita e íntima entre a criatura e o Criador, a ponto de pasmar as pessoas na mais profunda contemplação. É da essência de Deus um relacionamento terno, afetuoso e paternal, consciente da existência da sua sagrada vontade. Que a nossa fé, numa jubilosa gratidão, conduza-nos verdadeiramente ao sobrenatural, seguros de que pelo Espírito Divino é que se dá a manifestação e a ação de Deus na pessoa humana, por sua bondade e generosidade.

Dom Antônio Fragoso, primeiro bispo de Crateús, CE, certa vez asseverou: “Mulheres e homens crescem quando dão de si mesmo, e não quando estendem as mãos para receber”. Como é necessário perceber o dom da graça e da generosidade de Deus, indicando-nos que quer ver-nos sempre de cabeça erguida e com nossas lâmpadas acesas, na grande empreitada de que somos seus colaborares, na certeza de que, com o mestre da verdade e da justiça, entramos na lógica do caminho do amor e da esperança, na sua vontade indescritível e insondável, a partir dos esquecidos e sofredores de toda natureza, mesmo no seio das religiões.

ternura2Diante de excelso mistério, lembro-me de que aprendi, quando estudante de teologia, há muitos anos, que o que existe de mais excelente no amor de Deus é a sua ação misericordiosa e gratuita, agindo em nosso ser e perdoando-nos dos pecados, tornando-nos justos e santos. Que a santidade não vem por méritos de nossa parte, mas vem da fé, por obra e graça do Espírito Santo de Deus, oferecida pela paixão, morte e ressurreição de Cristo e que dela participamos pelo batismo.

Precisamos do essencial, a luz da vida, que é o próprio Cristo Jesus, a iluminar e aquecer todos os que andam na escuridão e na sombra da morte, fazendo-nos compreender que antes de receber é preciso dar. A força libertadora e transformadora que se revelou há mais de dois mil anos em uma criança se revela nos nossos dias quando somos capazes de demonstrar a clareza da nossa fé, diante de pesadas cruzes, em circunstâncias diversas, quando há disposição para o diálogo e a cooperação, para o perdão e a misericórdia, essenciais à vida dos que fazem o seguimento de Jesus de Nazaré.

A ternura, sinal nítido do amor de Deus, vai ao encontro das pessoas que passam decepções, que se encontram fracas, indefesas e carentes de amor, visitando-as no sofrimento físico e espiritual, que aos olhos da fé precisa ser olhada como dom e graça, vista como a aurora anunciada pelo profeta Isaías, quando uma imensa luz rompeu a escuridão. Luz que nasceu em Belém e foi acolhida pelas mãos amorosas de Maria, pelo afeto de José, na alegria dos pastores. É o grande sinal da humildade de Deus levado ao extremo no reconhecimento dos magos, na divindade de Deus naquela frágil criança, indispensável à redenção da humanidade. Assim seja!

*Geovane Saraiva é pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com
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