Dom Erwin Krautler: Laudato Si' deve ter consequências pastorais na ação das igrejas

É dever das dioceses encontrar os meios de torná-la acessível junto ao povo

Por CNBB

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O bispo emérito do Xingu (PA) e presidente do Comitê Brasileiro da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), dom Erwin Kräutler, apresentou aos bispos a metodologia de trabalho do grupo que fará a divulgação do conteúdo da encíclica do papa Francisco Laudato Si’. Em seu discurso, durante a 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Erwin alertou sobre a necessidade de que a encíclica tenha “consequências pastorais na ação das Igrejas”. Para ele, “é dever das dioceses encontrar os meios de torná-la acessível junto ao povo”.

A preocupação com a Amazônia, considerada pelo papa Francisco como um “banco de provas” para a Igreja no Brasil e na América Latina, motivou a criação da Repam. Agora, acontece uma mobilização nos regionais da CNBB para que as ações da Rede e as reflexões do texto do pontífice ganhem força na região. Será realizada uma série de seminários para a divulgação da Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum, junto às lideranças comunitárias e populares da Amazônia.

Dom Erwin citou trechos da encíclica do papa, apontando para a sua importância na defesa da Amazônia. Apresentou os objetivos dos seminários e a meta da Repam de se buscar uma ação em rede com os institutos e movimentos sociais, juntamente com as Igrejas, em defesa do Bioma Amazônico. O bispo sugeriu a realização dos seminários em mais regionais da CNBB.

O bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, expressou como a Laudato Si’ vem sendo bem acolhida em ambientes que não são cristãos, sendo apreciada “como uma palavra importante no contexto de defesa do meio ambiente”. Dom Leonardo aproveitou para divulgar algumas publicações das Edições CNBB com reflexões sobre a Laudato Si’ e sua importância para a Amazônia.

Os seminários

Em parceria, o Comitê Nacional da Repam, regionais da CNBB (Norte 1, 2 e 3, Oeste 2, Noroeste e Nordeste 5), a Comissão Episcopal para a Amazônia e o Grupo de Trabalho sobre a encíclica Laudato Si’ prepararam os seminários com o objetivo de mapear e investigar a territorialidade amazônica, modelos alternativos de desenvolvimento e repostas à realidade de mudanças climáticas.

“No contexto brasileiro, percebe a necessidade de tornar a Rede conhecida, aliada ao desejo de divulgar a proposta da encíclica Laudato Si’, lembrando a Amazônia como um dos pulmões do Planeta, e convidando a todos, a partir de seus locais, a responder ao desafio de proteger a casa comum unidos, enquanto família humana, na busca de um desenvolvimento sustentável e integral”, afirma o Comitê Nacional da Repam.

Os seminários irão fortalecer a organização da Repam no território brasileiro, contribuir para estabelecer uma base da plataforma de mapeamento das articulações presentes na região, além de ajudarem no intercâmbio e colaboração dos esforços em defesa da vida, da floresta amazônica, das populações locais e do bem comum em toda a bacia amazônica dando uma atenção especial para as fronteiras.

Ao todo, estão programados seis seminários em 2016 e mais oito em 2017: Cuiabá (MT), Porto Velho (RO), Manaus (AM), Macapá (AP), Miracema do Tocantins (TO) e Marabá (PA) receberão os encontros neste ano.

A metodologia também foi apresentada pelo arcebispo emérito de São Paulo (SP) e presidente da Comissão para a Amazônia, cardeal Cláudio Hummes, aos bispos da região amazônica, na sexta-feira, dia 8. Há a proposta para a realização dos seminários compreendendo três momentos: antes, durante e depois. Um subsídio divulgado pelo Comitê Nacional da Repam detalha as ações para a preparação, execução e articulação após os seminários.

Na fase de preparação, deve ser criada uma equipe de organização local, que fará um mapeamento das forças organizadas e dos desafios da realidade no tocante às causas comuns, como meio ambiente, questão indígena, quilombola, migração, cidades, tráfico humano e tantas outras.

O subsídio indica, para a realização do seminário, três dias de duração, com abertura em evento público para apresentação da encíclica Laudato Si’ e da Repam, leitura da realidade local, aprofundamento de aspectos da encíclica e encaminhamentos de propostas para ações concretas. Também é sugerida a criação de um comitê local para articulação das propostas.

O comitê, sugerido na fase de execução do seminário, irá coordenar os encaminhamentos e trabalhos pós-seminários, “fortalecendo articulações da rede e dando continuidade ao processo”.

Fonte: CNBB

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