Eis o tempo favorável para reconciliar-se com Deus (2Cor 5, 20). É o próprio Jesus quem convida para ir com Ele ao deserto como sinal de recolhimento, oração, purificação, revisão de vida.
Por Irmão Carlos José*
A Igreja está vivendo mais uma experiência do tempo quaresmal, é uma nova oportunidade que o Senhor na sua infinita misericórdia concede para seu povo fazer com Ele um retiro no deserto da própria existência. Eis o tempo favorável para reconciliar-se com Deus (2Cor 5, 20). É o próprio Jesus quem convida para ir com Ele ao deserto como sinal de recolhimento, oração, purificação, revisão de vida.
Hoje ao recordar esta caminhada espiritual de Cristo, (Mt 4, 2), durante estes 40 dias em que chamamos de tempo quaresmal, o Senhor faz o convite a cada cristão para entrar com Ele no deserto da própria vida.
A palavra quaresma vem da língua latina “quadragésima”, que é um tempo de quarenta dias que antecedem a festa central do cristianismo: a Ressurreição de Jesus Cristo no domingo de Páscoa, (Jo 11, 25).
Durante esta peregrinação quaresmal, somos convidados a fazer a experiência do amor, reconhecer que somos pecadores e nos aproximarmos da misericórdia. Olharmos para o coração e nos deixar ser tocado pela graça salvadora, “Rasgai o coração, e não as vestes; voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo” (Jl 2, 13). Deus olha com amor quem reconhece que dele precisa, é a volta à casa do Pai (Lc 15, 22-24). Ele sempre está com os braços abertos para acolher. São João da Cruz cita que: “Deus é o primeiro a sair ao encontro daqueles que o procuram”. “Então o Senhor encheu-se de zelo por sua terra e perdoou ao seu povo” (JI 2, 18).
Caminhar com Cristo no deserto da vida, é fazer uma peregrinação ao encontro de si mesmo e ao encontro de Deus. Quando o homem encontra com Deus (oração), o Senhor fala-lhe ao coração, aí está a graça da conversão. Neste encontro do pecador com a graça (homem e Deus), nasce a sensibilidade do amor, da partilha, da generosidade. Outro ponto que somos convidados a fazer como gesto concreto de nossa busca de conversão é ser caridoso. A caridade nos leva a partilhar o pouco que possuímos aos que nada tem, ser sensível aos famintos, aos pobres e os excluídos. Quando somos solidários, tudo se multiplica, todos são saciados ( Mt 14,13-21, Mc 6, 31-44, Lc 9,10-17 e Jo 6, 5-15). Todos são chamados a partilhar, ninguém é tão pobre que nada possa doar, e ninguém é tão rico que nada possa receber. Depois outro aspecto que somos convidados a praticar é o jejum como sinal de purificação, ele também nos leva a partilhar o temos em nossa mesa. Às vezes pensamos que o jejum é ficar sem comer, até pode ser, como sinal de abnegação, respeito, oração para o fortalecimento da fé, mas também podemos fazer o jejum dividindo aos necessitados os alimentos que temos sobre a mesa.
Não deixemos a graça de Deus em vão, como nos exorta Paulo (2Cor 6, 1), entramos com Cristo em oração no deserto da nossa vida para que reconhecendo as nossas faltas, possamos pedir sua misericórdia para ressuscitar com Cristo na Páscoa. “No momento favorável, eu te ouvi e, no dia da salvação, eu te socorri. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6, 2).