Até a física nuclear entrou na luta contra o mosquito Aedes aegypti
Por Sumaia Vilela
A pesquisa desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está usando raios gama, um tipo de radiação eletromagnética, para tornar os machos incapazes de se reproduzirem.
As pupas, quando o mosquito ainda está em fase de desenvolvimento, são irradiadas por apenas 41 segundos. Esse tempo é suficiente para modificar o esperma dos bichos, tornando-os estéreis. Ao acasalar as fêmeas usam esse esperma, mas ele não é capaz de gerar novas larvas do inseto.
A coordenadora do projeto e pesquisadora da Fiocruz Alice Varjal argumenta que a tecnologia pode ser usada em áreas onde não é permitida a aplicação de produtos químicos para combater o mosquito.
A primeira etapa da pesquisa fez todos os testes em laboratório. Ao verificar que a radiação funcionou, o experimento foi levado a campo para saber se os resultados se repetem.
As solturas dos mosquitos ocorrem desde dezembro, em uma das vilas de Fernando de Noronha. Alice Varjal ressalta que, como toda pesquisa científica, os resultados ainda passam por várias análises antes de serem usados na prática.
Outra participante do projeto, a professora e pesquisadora do Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco Edvane Borges garante que a radiação não contamina o mosquito ou pode prejudicar o meio ambiente e a população.
O raio gama já é usado em outras áreas, como na esterilização de instrumentos médicos ou de alimentos e, também, em tratamento contra o câncer.