O Comitê ampliado da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), está reunido na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Brasília (BR), para discutir e organizar as ações da Rede para os próximos anos.
Por Andréa Bonatelli
O encontro que se prolonga até quinta-feira (18), reúne representantes de organizações e instituições que compõem a REPAM, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Caritas Nacional, Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) as Pontifícias Obras Missionárias (POM), entre outras.
"Estamos trabalhando com as organizações já instituídas e elas estão sendo convidadas a fazer parte dessa rede eclesial", explica Izalene Tiene, articuladora do Comitê Nacional da REPAM. Izalene disse que haverá um envolvimento destas organizações nas formações sobre a Laudato Sì, promovidas pela REPAM. "Desta reunião deve sair um planejamento das nossas ações durante os próximos dois anos, que já está incluída uma formação sobre a Laudato Sì em toda a Amazônia Legal. Nós vamos estar em 9 estados, são 63 dioceses e o trabalho deve atingir toda essa realidade amazônica", complementa a articuladora.
Padre Dario Bossi, da Rede Iglesias y Mineria, elogiou a iniciativa do comitê ampliado da REPAM em organizar este encontro. "Estão aqui representantes de entidades de várias proveniências no Brasil, com atuações muito diferentes, para unir forças e cuidarmos juntos dessa Amazônia, desse planeta", disse Bossi. O sacerdote explicou que atualmente o minério é um bem financeiro, que está beneficiando pouquíssimas empresas e não é extraído para o interesse da população e sim para acumulação do capital, e não é isso que a Amazônia precisa. "A REPAM pode contribuir para a maior visibilidade do problema da mineração no Brasil. Associada a uma leitura popular da Encíclica Laudato Sì e também a Campanha da Fraternidade deste ano, que trata do tema da Casa Comum, nós acreditamos que podemos aproveitar desse tempo oportuno, desse kairós, para que a Igreja católica, juntamente com outras igrejas do Brasil, de fato ajudem a população a assumir o compromisso ético e humano de cuidar desse planeta para o bem dos nossos filhos e netos", afirma Dario Bossi.
A Rede Um Grito Pela Vida integra a REPAM, fazendo parte do comitê ampliado e realizando ações em parcerias. "O desafio grande é inserir o tema do tráfico de pessoas e do abuso da exploração sexual, que são temáticas muito latentes na Amazônia, na conscientização da população em geral", explica irmã Rose Bertoldo, da Rede Um Grito Pela Vida. A religiosa acrescenta que "é impossível pensar a Casa Comum sem pensar estas temáticas. A gente se insere como parceira da REPAM para trabalhar essas questões".
Nesta reunião a REPAM reforça a proposta de recuperar a dimensão profética no anúncio do Reino de Jesus Cristo e de abraçar as pequenas lutas e esperanças dos povos indígenas, ribeirinhos, afrodescendentes, moradores das cidades, mulheres, jovens, crianças e todas as pessoas empobrecidas e excluídas da vasta região amazônica.
O Comitê Nacional da REPAM no Brasil é um órgão pertencente à Comissão Episcopal para a Amazônia (CEA) da CNBB. O seu objetivo é articular, monitorar e fazer a gestão de projetos da REPAM em nível de CNBB, por meio da CEA.
A REPAM nasceu em setembro de 2014 em Brasília, na sede das POM, durante encontro entre bispos, padres, religiosos e leigos bom como congregações e instituições que trabalham na Região Amazônica que abrange nove países.