É tanto sofrimento, que é comum ouvirmos pessoas sentenciarem: 'Nascemos pra sofrer'
Por Rosa Clara Franzoi *
Olhando ao nosso redor percebemos que há uma constante na vida de todo ser humano: o sofrimento. E este tema pode nos sugerir uma reflexão que nos ajudará a encarar a vida neste sentido. Quanta angústia e dor de todo tipo neste exato momento machucam o coração de cada pessoa? Apenas um exemplo: ainda temos muito vivas na memória, as imagens das catástrofes naturais destes últimos tempos: tsunamis, enchentes, secas, desmoronamentos, tornados, ciclones, terremotos, incêndios, juntando ainda as guerras, a violência... É tanto sofrimento, que é comum ouvirmos pessoas sentenciarem: “Nascemos pra sofrer”. Por outro lado, a ciência e a tecnologia, nestas últimas décadas, têm conseguido amenizar e até neutralizar a dor física. Porém, esta é apenas uma faceta do vasto oceano do sofrimento humano, visto que ele se apresenta de mil formas e provém de mil causas. E o interessante é que o sofrimento não faz diferença de pessoas ou classes sociais: sofre o pobre porque é pobre; sofre o rico por ser rico; sofre o jovem porque é jovem e sofre o velho por ser velho; daí que o sofrimento é o manjar que jamais faltará na mesa da festa da vida humana.
Fonte de sofrimento
Paremos um pouco e vejamos o que normalmente acontece conosco quando temos algum problema sério. Uma das nossas primeiras reações é procurar a causa, não é assim? E esta busca geralmente a fazemos fora de nós. Os peritos no assunto nos alertam para algo muito importante: “a maior parte de tudo o que faz sofrer é produto do subjetivo, porque procede da mente humana. Medos, sobressaltos, ansiedades, tristezas, têm origem na profundidade da alma. A mente é capaz de trazer à luz fantasmas assustadores que passam a atormentar o coração humano”. Vamos, então, tentar entender como isso funciona. Os psicólogos afirmam que somos capazes de nos tornar inimigos de nós mesmos, pela força da mente. Somos responsáveis por atrair tudo o que rejeitamos e diante do qual resistimos. Nós costumamos culpar “Deus e todo mundo” pelos nossos males, quando o inimigo está dentro de nós, na nossa mente. Um exemplo: o que é o fracasso? Diante de um resultado negativo de algo que tanto sonhávamos, nos entristecemos, nos sentimos inseguros, desanimados, nos deprimimos. Mas, vejam: não é o resultado negativo em si que nos machuca tanto; é a nossa rejeição e resistência ao fato. Parece que aquele sonho seria a realização da nossa vida.
Transformar a dor em paz
Em contato com pessoas em situações difíceis, a experiência mostra que “a fé” é um instrumento poderoso para amenizar a dor, seja ela física, moral ou espiritual. É preciso, porém, admitir que não são muitas as pessoas que dispõem de uma fé tão forte capaz de transformar a dor em fonte de paz. Outro instrumento é a não absolutização do sofrimento. Se lhe aumentamos o tamanho, ele também cresce. Neste mundo tudo é relativo e flui como a água do rio que passa e não volta atrás. Deixemos a poeira abaixar e com a cabeça fria, tomemos distância do problema e veremos que no todo, ele nos parecerá diferente, e talvez já esteja bem menor. Claro que isto não é coisa fácil; é obra de artista. Por isso mesmo se diz que “saber viver é uma arte”. E arte a gente aprende com paciência e perseverança.