Ordenação diaconal foi presidida por dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da CNBB. Joseph Onyango Oiye será ordenado sacerdote no Quênia, sua terra natal.
Por Mário de Carli e Jaime C. Patias
Uma das características dos missionários da Consolata é a internacionalidade de seus membros, resultado do carisma Ad Gentes que, em pouco mais de 100 anos, levou a congregação a mais de 20 países em quatro continentes. Fundado pelo Bem-aventurado José Allamano em 1901, na Itália, o Instituto Missões Consolata enviou seus primeiros missionários ao Quênia, hoje berço de muitas vocações, a exemplo de Joseph Onyango Oiye, imc, ordenado diácono no último dia 12 de dezembro.
A celebração aconteceu na paróquia Nossa Senhora Consolata, em Brasília (DF), onde Joseph há um ano atua nas pastorais e faz especialização em comunicação. Caçula de seis filhos do casal Peter Oiye e Christine Awuor Oiye, Joseph é natural de Siaya, arquidiocese de Kisumu, no Quênia. Depois de cursar filosofia em Nairóbi e noviciado em Moçambique, ele chegou ao Brasil em 2011, onde fez teologia em São Paulo e realizou serviços pastorais em Feira de Santana (BA).
A ordenação foi presidida por dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O pároco, padre Emmanuel Gavosto, acolheu dom Sérgio sublinhando a importância de sua presença na primeira ordenação em mais de 50 anos de existência da paróquia. Presentes em grande número, os fiéis cantavam com alegria e emoção: “reunidos em torno dos nossos pastores, professando todos uma só fé. Nós iremos a Ti. Igreja Santa, Templo do Senhor...”.
Dom Sérgio destacou o diaconato como um dom de Deus numa Igreja ministerial, vivido em três dimensões: no serviço aos mais necessitados, na pregação da Palavra e na liturgia. “O diácono é chamado a ser um servidor da Igreja no serviço da caridade, na solidariedade e na partilha com os pobres. Esse serviço é assumido em comunidade”. No Ano Santo da Misericórdia, o arcebispo apontou a misericórdia como expressão da caridade. “O diácono deveria ser o portador da misericórdia de Deus para com todos em especial, com os que mais sofrem”. Segundo dom Sérgio, com o anúncio da Palavra, o diácono mostra a dimensão profética da Igreja a exemplo de João Batista que chamou todos à conversão para acolher o Cristo. “O diácono é um servidor de Cristo, um servidor do povo de Deus para ajudar a colher a Palavra de Jesus, que é a Boa Nova”. Dom Sérgio explicou ainda, que no serviço do altar, o diácono desempenha uma função específica. “Joseph deve viver esses três ministérios de forma harmônica. Tudo é graça de Deus, colocada a serviço. Para isso, o diácono conta com as orações da comunidade”, complementou.
Joseph foi apresentado ao bispo ordenante pelo superior Provincial do IMC no Brasil, padre Luiz Carlos Emer, que também foi um de seus formadores. Concelebraram os padres Mário Silva, Mário de Carli, Jaime C. Patias e Getúlio de Alencar, além de dois diáconos permanentes. Participaram ainda, as irmãs missionárias da Consolata que trabalham em Brasília, uma delegação da Embaixada do Quênia e os seminaristas quenianos, Gabriel Ochieng e Paul Auma que serão ordenados diáconos em São Paulo, em fevereiro de 2016, juntamente com o colega Heradius, da Tanzânia.
Seguindo o ritual, Joseph confirmou o propósito de ser ordenado e interrogado pelo bispo prometeu cumprir fielmente seu ministério: “Quero! Com a ajuda de Deus”. A ladainha de todos os Santos cantada solenemente invocou a bênção sobre o eleito. Momento central no rito foi a imposição das mãos e a oração de ordenação feita pelo bispo. A comunidade orava em silêncio. Investido da estola transversal, sinal de serviço, e da dalmática diaconal, Joseph recebeu o Livro dos Evangelhos, momento em que foi acolhido com uma calorosa salva de palmas e o canto “um dia escutei teu chamado, divino recado batendo no coração...”.
O neo-diácono manifestou alegria de ser ordenado como missionário da Consolata e agradeceu a todos. “Estou realizando um sonho que era de vir à América Latina e hoje, justamente na festa da Padroeira, Nossa Senhora de Guadalupe, fui ordenado diácono pelo presidente da mais importante Conferência Episcopal do mundo, a CNBB. Agradeço os missionários da Consolata pela confiança e amor que sempre tiveram comigo”, afirmou emocionado sendo ovacionado com aplausos da assembleia. Joseph agradeceu a comunidade pela organização da celebração e os diversos grupos presentes.
Antes da bênção, dom Sérgio agradeceu ao diácono Joseph por ter aceitado ser missionário no Brasil e a Igreja no Quênia, em especial, aos missionários da Consolata, pela presença em Brasília. “A nossa gratidão de coração sincero. Obrigado pelo convite para presidir essa celebração. Agradeço também aos irmãos da Embaixada do Quênia presentes”.
Joseph expressou o que estava sentindo. “As responsabilidades do serviço da caridade, da proclamação do Evangelho e o serviço da liturgia sempre foram os principais motivos da minha vocação. Agora que estes serviços me foram oficialmente confiados, sinto-me feliz por ter realizado um sonho e ao mesmo tempo ser responsável por vivê-lo com entusiasmo. A minha alegria maior é saber que a Igreja me confia essa responsabilidade e esta comunidade também tem me dado a oportunidade de me preparar bem para esse serviço”, disse.
O novo diácono continuará na paróquia durante o ano de 2016 para depois ser ordenado padre em sua terra natal quando receberá, da direção Geral da congregação, a destinação para a sua primeira missão.
Após a bênção solene e o cântico dedicado à Consolata, a comunidade ofereceu um jantar para comemorar mais esse acontecimento histórico na vida da paróquia.