Para o bem da casa comum, de todos nós e das futuras gerações, em Paris, todos os esforços deveriam ser para mitigar os impactos das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, para combater a pobreza e fazer florescer a dignidade humana. (Papa Francisco)
Por Geovane Saraiva*
As circunstâncias em que vivemos são outras, nas angústias com as quais convivemos (refugiados, corrupção, terrorismo, falta de ética, meio ambiente). A misericórdia de Deus, porém, permanece sempre a mesma, que, entrando dentro de nós, nos transforma em criaturas novas, profundamente humanas. No tempo do Advento, Deus quer que acolhamos sua graça misericordiosa, a partir da figura de Maria, mulher corajosa, revolucionária e indispensável ao projeto de salvação do mundo. Ela, que, afinada e ajustada ao projeto salvífico de Deus, de restaurar todas as coisas (Cf. Ap 21, 5), foi escolhida por sua simplicidade e disponibilidade de humilde servidora. Maria é um dom, uma dádiva do céu, no sentido de acolher a vontade de Deus e dela participar, plena de confiança, a ponto de Isabel proclamar em alto e bom tom: “Bem-aventurada aquela que acreditou” (Lc 1, 45).
Agora, por ocasião do Advento, início do Jubileu da Misericórdia, Deus, através da voz do Santo Padre, o Papa Francisco, faz-nos um convite: de sermos Misericordiosos como o Pai. Como é contundente a voz de João clamando no deserto, dizendo-nos para descobrir o absoluto de Deus, segundo a assertiva do Papa Francisco, precedida do Angelus (06.12.2015), falando-nos: “Os desertos atuais da humanidade, que são as mentes fechadas e os corações endurecidos, nos levam a nos perguntar se efetivamente estamos percorrendo o caminho justo, vivendo uma vida segundo o Evangelho. Hoje, como naquele tempo, ele nos adverte com as palavras do Profeta Isaías”.
A conversão do coração quer dizer abrir o coração, quer dizer acolher a semente que será plantada no solo fértil, isto é, no coração humano. Após o tempo previsto irá germinar, crescer e dar bons, e abundantes frutos, frutos de solidariedade, justiça e paz, um novo alvorecer. O Sumo Pontífice pediu também ao povo de Deus para responder às seguintes perguntas: “Sou apaixonado por Jesus? Estou convencido de que Jesus me oferece e me dá a salvação? Se sou apaixonado, devo anunciá-lo, mas temos de ser corajosos e abaixar as montanhas do orgulho e da rivalidade, encher os poços cavados pela indiferença e apatia, endireitar os caminhos de nossas preguiças e de nossos compromissos”.
É a vida do Santo Padre que se transforma em oração. Por isso mesmo constatamos seu coração enternecido, diante do gemido da terra, asseverando após a oração do Angelus: “Sigo com grande atenção os trabalhos da Conferência sobre as Alterações Climáticas a decorrer em Paris, e volta à minha mente uma pergunta que fiz na Encíclica Laudato Si’: ‘Que tipo de mundo queremos transmitir àqueles que virão depois de nós, às crianças que estão a crescer?’ Para o bem da casa comum, de todos nós e das futuras gerações, em Paris, todos os esforços deveriam ser para mitigar os impactos das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, para combater a pobreza e fazer florescer a dignidade humana”.
Por fim, a fervorosa súplica do Romano Pontífice, dizendo-nos de pensar no bem da criação e no cuidado com o planeta: “Rezemos para que o Espírito Santo ilumine os que são chamados a tomar decisões tão importantes e que Ele lhes dê a coragem de manter sempre como critério de escolha o bem maior para toda a família humana”. Assim seja!