Mais de 100 jovens participam de manhã de formação em Monte Santo, Bahia, refletindo sobre a Missão da juventude na Igreja e na sociedade.
Por Stephen Ngari
A pé, de moto, de carro, de Kombi, ou mesmo de carona, cerca de 100 jovens encontraram-se para uma manhã de formação que aconteceu no domingo, dia 20 de dezembro, no Centro Comunitário “Mãos Unidas”, na Comunidade de São Pedro Apóstolo - Povoado da Pedra Vermelha, Monte Santo, Bahia. Os jovens que participaram desse evento (provenientes de 10 comunidades cristãs), são uma pequena parcela da juventude que pertence à Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, da diocese de Bonfim.
A vontade de aprender e partilhar superou o cansaço da viagem. O encontro começou às 7h30, com café da manhã. Depois houve um momento de animação no qual os grupos de várias comunidades se apresentaram. Em seguida cinco jovens mostraram alguns símbolos que representam a caminhada da juventude: sandálias, Bíblia, água, sementes e luz (uma vela acesa).
A jovem Ângela Gomes da comunidade Genipapo de Baixo e o padre Mário de Carli, imc, ajudaram os jovens a refletir sobre “A missão do jovem na Igreja e na Sociedade”. Ângela, na apresentação, falou sobre o que significa ser jovem e o que ele considera principal: felicidade e liberdade. O jovem quer conquistar o seu espaço na sociedade e na Igreja.
Em seguida, acentuou que a juventude é um momento de sonhar e de descobrir. Os jovens precisam aproveitar as oportunidades que têm para partilhar suas experiências e vivências aos outros. Jovens são como semente que mesmo sendo boas precisam de cuidado. É preciso lutar por um ideal. Ser jovem significa reunir-se para conquistar. É na juventude que a pessoa se decide e se posiciona na vida.
O outro aspecto importante na juventude é autonomia, se profissionalizar e ter um emprego para se sustentar. Ser jovem não é um estado de espírito, é uma etapa da vida que passa. Portanto, é preciso viver bem esse momento. É responder aos desafios da vida todos os dias. O jovem precisa fazer escolhas certas, numa imensidão de opções.
No final da sua conversa, a jovem missionária falou sobre o grupo Jovens Missionários da Consolata (JMC). O grupo constituía os jovens da Paróquia São Brás, em Salvador, Santíssima Trindade, Feira de Santana, Sagrado Coração de Jesus, Monte Santo e São João Batista, Jaguarari, e marcou os jovens dessas quatro paróquias. Nos últimos anos, esfriou um pouco, mas continua existindo e vivendo o seu compromisso missionário.
Os JMC celebravam a “Páscoa Jovem” numa dessas Paróquias acima citadas. Nas férias de julho realizavam a “Missão Jovem”. Na semana da Festa da Consolata em junho faziam retiro e celebravam a Festa da Nossa Senhora Consolata. Para Ângela a experiência no grupo foi uma lição de vida.
Depois convidou Larissa uma jovem que teve experiência no grupo em 2014. O momento transformou a sua vida, “a minha existência tomou um novo rumo. As experiências de oração, adoração e missão me impactaram profundamente. Antes eu era uma jovem do mundo, hoje sou catequista e animadora na minha comunidade”. Mais tarde, confidenciou que o sonho que ela tinha na adolescência de ser uma missionária consagrada voltou com mais força. Ela confessou que ingressou no JMC através de sua irmã Patrícia, que desde o ano 2012 participa desse grupo.
Patrícia, que também participou da formação, disse que já há bom tempo está fazendo seu acompanhamento vocacional com as irmãs da Consolata. Para o ano que vem pretende entrar numa das Casas de Formação das Missionárias, localizadas em São Paulo. O que chamou sua atenção foi a espiritualidade da santidade na missão do grupo, segundo o espírito do fundador dos missionários da Consolata, José Allamano, que dizia:“primeiro santos, depois missionários”. Ela aprendeu que a santidade só é possível através de um encontro pessoal com Jesus. Consequentemente a pessoa assume um compromisso com a missão,uma vontade de levar Jesus ao mundo, que está sedento Dele.
Padre Mário convidou os jovens a sair dos conceitos tradicionais que não servem para a juventude de hoje. Os jovens não são mais a Igreja de amanhã, os líderes de amanhã, mas são Igreja e líderes de hoje. O amanhã começa hoje. Um filósofo antigo, Sócrates (469-399 a.C.) foi acusado de perverter os jovens por ter ensinando-os a refletir e buscar o sentido da vida. Os jovens não devem ter medo de tal intimação. Eles não podem viver sem pensar na própria vida. Esta caminhada se faz em grupos e trabalhando juntos sob iluminação da Palavra de Deus.
O missionário lembrou que mesmo os jovens vistos como “perdidos” são uma parcela pensante. Os jovens se encontram atuantes em todas as esferas da sociedade; no campo, na cidade, na periferia, nas instituições de ensino (os jovens do ensino básico em São Paulo mostraram que até adolescentes são capazes de derrubar ditaduras quando ocuparam escolas e as ruas).
Padre Mário destacou os três maiores medos dos jovens de hoje: desemprego, violência (drogas, bebidas e polícia) e não estar conectados. Os jovens de hoje se encontram digitalmente. O jovem que se encontra desconectado se sente desprotegido e inseguro. Como o olho e o nariz estão sempre juntos, o jovem também precisa dos colegas. Os grupos de jovens providenciam está segurança social.
A liberdade significa escolher, estar com os outros e lutar por um mundo melhor, fazer missão. Sair de casa não é ficar triste, mas é se alegrar indo ao encontro dos outros principalmente os de “além-fronteiras” de nossas casas e comunidades.
O jovem que fica em casa se isola do mundo.O padre responsável da juventude na paróquia também observou sua experiência de que os jovens por natureza procuram outros jovens e juntos lutam por uma vida melhor, têm um potencial evangelizador, buscam o Reino de Deus, para que todos tenham a vida de qualidade e dignidade.
As mudanças na sociedade sempre ocorrem com a participação dos jovens. Investir na juventude quer dizer preparar os jovens para essas mudanças. O jovem evangelizado é preparado e não pode ficar calado. Ele precisa assumir o seu espaço na Igreja e na sociedade. Viver sem evangelização é viver sem compromisso na vida e com a vida.
Os jovens envolvidos na evangelização sempre encontram tempo para se dedicar aos outros que precisam. Quem tem tempo para Deus, tem tempo para dar aos outros. A Palavra de Deus é a fonte principal da força e sabedoria para os jovens. Ela alimenta a sua vida com liberdade, ajudando a escolher o que constrói a pessoa e o bem comum. Amar a comunidade e a vida fraterna é uma consequência de ser cristão. Graças aos nossos antepassados temos a riqueza de hoje. Esta fonte histórica se encontra na comunidade.
Ao meio dia o grupo reuniu-se na igreja para celebração eucarística. Na celebração, o padre aproveitou as leituras principalmente a da visitação de Maria a Isabel para ressaltar mais uma vez aos jovens a necessidade e a urgência da vida missionária. Cada batizado é chamado a ser discípulo e missionário de Jesus. Depois da mesa eucarística, os jovens partilharam da mesa farta do pão físico para alimentar seus corpos prontos para missão.
O regresso à casa deu-se na expectativa de levar algo de novo às comunidades, aos jovens que não vieram e ficou a pergunta na ‘ponta da língua’: “quando teremos o próximo encontro?”
quem escreveu esse texto? achei muito interessante, estou escrevendo um texto e fiz uma citação desse, mas estou em duvida quem escreveu para mim referenciar.
Olá Karina, boa tarde. Este texto foi escrito pelo padre Stephen Ngari, ele é missionário da Consolata.