Pacto das Catacumbas 50 anos depois

Compromisso assinado por 42 bispos em 16 de novembro de 1965 pedia uma Igreja pobre a para os pobres.

Por Arlindo Pereira Dias

Roma, 20 Gennaio 2014. La presentazione del catalogo "Immigrati a roma e provincia. Luoghi di incontro e di preghiera realizzato dalla Caritas. Enrico Feroci.

Monsenhor Enrico Feroci fala da importância do Pacto das Catacumbas e do Ano Santo da Misericórdia.

Qual o significado de ir às Catacumbas de Santa Domitilla para celebrar o compromisso de “Igreja pobre e para os pobres”?

Há 50 anos, foi assinado o Pacto das Catacumbas, no qual se sublinhava a importância e a centralidade do tema dos pobres em nossa reflexão e na Igreja. Pensando nisso, me vem à mente o gesto que fez São Francisco ao encontrar o leproso, quando o abraçou e o beijou. Ele fez isso porque percebia a importância do excluído. Era como se o leproso fosse carne da sua carne, a sua realidade. O Pacto das Catacumbas quer nos mostrar que os pobres não são apenas uma realidade sociológica sobre a qual temos de estender uma mão. Eles fazem parte de nosso corpo. Se eles nos faltam, nosso corpo se torna enfermo. Por isso me parece que o Pacto das Catacumbas nos conduz à reflexão sobre o que somos e sobre o que é a presença de Deus em nós, na Igreja e no mundo. Trazer os pobres em nosso coração, dedicar-nos a eles é como se nos dedicássemos a Cristo, que está presente neles e também em nós mesmos. Sem eles, nós nos tornamos também carentes e pobres.

Preparando o Ano da Misericórdia, o que os religiosos e as comunidades cristãs podem fazer de concreto para vivê-lo segundo o coração de Deus?

Quando o papa Francisco anunciou o Ano da Misericórdia, recordei algumas palavras que são próprias de nossa tradição. Existe uma figura muito bonita que é a do goel, isto é, aquele que se oferece para substituir a pessoa da família que contraiu uma grande dívida. Recordei não apenas a figura de Jesus, que deu a si mesmo para que fôssemos salvos, mas também a belíssima realidade expressa por São Paulo, quando disse “o meu viver é Cristo”. Surgiram muitos institutos religiosos, como aqueles que se comprometiam em substituir, com um de seus membros, os presos escravizados. Vendo as situações difíceis, não podemos ficar indiferentes como se fossem algo que não nos toca. Deve nascer dentro de nós um grande sofrimento diante dessa realidade, uma vez que nossos irmãos estão sofrendo. Esse sofrimento nos pertence, por isso nosso dever é compreender e nos empenhar para que tantos fatos dramáticos não ocorram mais. Mais do que isso, estender nossa mão para que esses nossos irmãos tenham o suficiente para viver com dignidade.

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(CC BY 3.0 BR)

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