O Encontro Continental é sempre necessário e interessante, o objetivo é unir forças para conseguirmos estar em contínua evolução. Temos realidades bastante parecidas e precisamos trabalhar em conjunto, diz padre Angelo Casadei.
Por Emerenciana Raia
da Redação
Entre os dias 28 e 30 de setembro de 2015, os Coordenadores de Grupo e Superiores Regionais dos missionários da Consolata do continente americano se reuniram no Brasil, para mais um passo dentro do projeto de continentalidade, que vem tomando corpo desde o último Capítulo Geral da Congregação, em 2011. A reunião este ano foi na Casa Regional dos missionários no Jardim São Bento, São Paulo, capital. O encontro de 2014 foi realizado em Bogotá, Colômbia e o de 2013, em Buenos Aires, na Argentina. “Somos parte de um corpo e cada qual faz a sua parte”, afirmou padre José Martins Fernandes, falando sobre o Encontro.
O padre Martins é português e coordenador do Grupo do Canadá, onde os missionários têm duas comunidades, uma inglesa em Toronto e outra francesa, em Quebec. Oito missionários trabalham nas duas comunidades. Em Quebec, com projetos missionários e serviços à Igreja local, além da Animação Missionária Vocacional. Em Toronto, coordenam um Centro de Animação Missionária e trabalham na paróquia Santo André, “que é multicultural, multiétnica e bastante frequentada”, afirma padre José Martins. O nível socioeconômico dos paroquianos é de classe média para baixa, com muitos imigrantes e refugiados. “O processo migratório está mudando a face da sociedade”, afirma padre José. “O nosso maior desafio é construir uma comunidade, já que a ideologia do governo canadense é que a sociedade seja um mosaico. Não passamos por grandes dificuldades, porém, a paróquia é formada por imigrantes, e cada um traz suas tradições dos países de origem. São pessoas de fé, com religiosidade popular”.
Padre José afirma que a sociedade canadense é orientada “para o útil, para a competição, para os primeiros lugares, para o sucesso”, sendo que ao seu redor muitos são os imigrantes, provenientes principalmente da própria América Latina e no momento, muitos da Síria. A Igreja apoia os refugiados no Canadá. O governo também subsidia aqueles que considera realmente necessitados de refúgio. Na atual conjuntura, o governo quer a importação de “cérebros” para o país, principalmente de jovens, com futuro no mercado de trabalho.
Por outro lado, padre Martins afirma que a Igreja Missionária tem credibilidade junto à população. As pessoas colaboram com as Missões, porque acreditam nelas e, por ser um país sério, o dinheiro que sai para ajuda, tem que sair de maneira oficial. A comunidade é aberta a isso.
O padre Paolo Fedrigoni é italiano, e Coordenador do Grupo dos Estados Unidos. Os missionários estão presentes no país americano em três comunidades, New Jersey, Buffalo, - distrito de Nova York - e Califórnia. As comunidades atendem muitos imigrantes latinos, principalmente provenientes do México, ou da América Central. Padre Paolo está há dois anos e meio nos Estados Unidos, após cinco anos de trabalho no Quênia.
Concorda com padre José, a imigração está mudando a face da sociedade americana. O papa Francisco, em visita ao país afirmou que “nós, o povo deste continente, não temos medo de estrangeiros, porque a maioria de nós já foi, algum dia, estrangeira. Eu digo isso a vocês como um filho de imigrantes, sabendo que tantos de vocês também são descendentes de imigrantes”. Padre Paolo afirma que 40 milhões de americanos vivem abaixo da linha da pobreza. Uma realidade missionária que oferece desafios numa sociedade dita desenvolvida.
O padre Angelo Casadei é italiano e vive na Colômbia desde 2005, pela segunda vez no país. Já havia morado de 1986 a 1990, quando estudou teologia. Depois, voltou à Itália e trabalhou por 15 anos na Animação Vocacional, em Veneto. No ano de 2005 veio para a Colômbia, para morar em Caquetá por sete anos, numa paróquia cujo acesso era feito apenas por rios. Desde 2013 é Superior Regional e vive em Bogotá. Os missionários da Consolata estão presentes no país, desenvolvendo trabalhos de Animação Vocacional, com os indígenas e afrodescendentes. Para padre Angelo, o Encontro Continental “é sempre necessário e interessante, o objetivo é unir forças para conseguirmos estar em contínua evolução. Temos realidades bastante parecidas e precisamos trabalhar em conjunto”.