Novo conflito na esplanada das mesquitas em Jerusalém

Por Alain Guillemoles

Na véspera do Ano Novo judeu, neste domingo 13 de junho, repetiram-se confrontos na esplanada das mesquitas, deixando 20 pessoas feridas.

A guarda desse espaço pertence à Jordânia desde 1967que pretende mais uma vez alterar as regras de acesso ao local, mas Israel não concorda. Na verdade houve encontros entre judeus de origem árabe, muçulmanos e palestinos para buscar o modo de evitar confrontos no contexto da celebrações religiosas. A violência começou quando um grupo de muçulmanos enfrentou as tropas israelenses de controle, poucas horas antes da celebração de abertura do Ano Novo.

A esplanada das Mesquitas é um lugar altamente sensível. Foi desse lugar que partiu a 12.a intifada quando apareceu nesse lugar o ex primeiro ministro israelense, Ariel Shar.

Para os muçulmanos, as duas mesquitas e a praça do templo de Jerusalém são o terceiro lugar religioso mais sagrado e por isso pode até ser visto como uma potencial mina de explosivos. A explanada tem uma extensão de 14 hectares na Jerusalém antiga, pertencente aos muçulmanos e anexada a Israel na guerra de 1967. Em contrapartida, os palestinos consideram Jerusalém como centro político e religioso do seu Estado que ainda não foi reconhecido por Israel.

Um lugar sagrado para os muçulmanos

Eles chamam-no de Al-Haram al-Charif (Santuário Nobre ), onde estão situadas as duas mesquitas, a da Rocha e a Al-Aqsa (a mais distante) por ser o lugar sagrado, segundo a tradição religiosa, onde o profeta Maomé se entregou.

Segundo a leitura que os muçulmanos fazem da Bíblia teria sido nesse lugar que o profeta Elias foi arrebatado ao céu num redemoinho com asas, al-Bourak.

A esplanada é de fato o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos, depois da mesquita de Meca, e a mesquita do profeta Medina, situada na Arábia Saudita.

Para os judeus também é lugar sagrado.

A construção da mesquita da Rocha começou no sétimo século, depois que o califa Omar tomou Jerusalém, onde ainda existia o templo sagrado no tempo de Jesus e que foi destruído no ano 70 pelos romanos. Atualmente o único memorial de referência para os judeus é o muro das lamentações no lado ocidental, onde todos os dias se reúnem para orar.

A polícia autoriza os judeus a se deslocar à praça das mesquitas, mas não lhes é permitido rezar publicamente para evitar conflitos. Poucos se deslocam a esse lugar porque os rabinos o consideram violentado por ter sido durante séculos o "Santo dos Santos", considerado o centro da terra. Por isso que o muro das lamentações é visto atualmente o lugar mais sagrado. Podemos imaginar como será possível realizar o sonho dos judeus pela ocupação de toda a esplanada, e reconstruir o seu templo, acabando com as mesquitas.

Atualmente a esplanada está aos cuidados da Waqf, uma fundação islâmica jordaniana e independente da administração da Israel, mas é a polícia de Israel que controla os acessos.

Alain Guillemoles

 

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