Por Adital
José "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai, denunciou em entrevista esta semana tentativas de desestabilização na região latino-americana e advertiu que os meios de comunicação estão associados a tais pretensões.
O político uruguaio, que foi Presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, se refere à nova direita, para qual empresas de comunicação "fazem campanhas com discursos atualizados, que se mostram como empresários exitosos e com um discurso antipolítico".
O atual senador pelo governista partido Frente Ampla destaca que os governos progressistas da região são atacados por priorizarem as pessoas sobre o mercado.
Também indica que, no Uruguai, existe uma esquerda cada vez mais formada, preparada e integrada, que poderá ir à luta e, inclusive, acabar com o capitalismo e o consumismo, resenha informação publicada no portal da Internet da agência Prensa Latina.
Nos últimos meses, governos da América Latina têm sido objeto de planos violentos, orquestrados por setores da direita, para tratar de desestabilizar e acabar com seus mandatos legítimos.
Tal é o caso do Equador, onde, nas últimas semanas, o governo do presidente Rafael Correa tem enfrentado ocorrências de violência promovidas pela direita contra a Lei de Redistribuição da Riqueza (Lei de Heranças) e de Ganhos Extraordinários (Mais-Valia), apesar do anúncio do Executivo de retirar, temporariamente, as normas e do chamado ao debate nacional.
A direita equatoriana empreende ações violentas, que buscam derrubar o governo constitucional, utilizando como pretexto a reforma da mencionada normativa, cujo objetivo é aprofundar a redistribuição da riqueza e a equidade social, e que só afetará 2% da população da nação sul-americana.
Em junho último, grupos de opositores tentaram retomar os protestos contra o Governo do Equador, após a despedida do Papa Francisco da nação andina, para demandar a derrogação das leis.
O mais recente fato violento foi registrado na semana passada, quando perto das instalações dos jornais El Telégrafo e El Universo, situadas em Guayaquil, explodiram bombas panfletárias, de autoria de um suposto grupo denominado "Frente de Libertação Nacional".
O Brasil sofre também a arremetida da direita, que atua ainda na Venezuela e Argentina. Nesta última, a morte de um promotor tem sido usada por corporações midiáticas para pretender deslegitimar a gestão democrática e popular da presidenta Cristina Fernández.
Na Venezuela, a escalada da direita tem diversas fases, como a guerra econômica, caracterizada por promover a usura, a especulação e o desabastecimento de produtos de primeira necessidade, bem como campanhas de rumores, falidos golpes de Estado e planos para gerar violência e inquietação no país.
No último dia 12 de fevereiro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, denunciou uma nova tentativa de golpe de Estado contra a Venezuela, seu governo e o povo.
O plano, que seria iniciado após a publicação, nos meios de comunicação, de um manifesto chamando a um governo transitório, contemplava atacar com um avião Tucano - trazido do exterior - os atos de comemoração da Batalha de La Victoria, assim como sedes de instituições do Estado e zonas residenciais de Caracas.
Ao mesmo tempo, implicaria a reativação das ‘guarimbas' [enfrentamentos violentos nas ruas], na cidade capital e em outras localidades do país. A ação anticonstitucional foi totalmente desarticulada.
As pretensões da direita se estendem à América Central, especificamente a El Salvador, onde a oposição e grupos criminosos realizaram um boicote ao setor de transporte para tratar de criar caos e promover um golpe de Estado contra o presidente legítimo, Salvador Sánchez Cerén.
Na semana passada, grupos delinquentes obrigaram os motoristas a paralisarem suas unidades sob ameaças e assassinaram nove condutores que não acataram suas ordens.
Ante a escalda de violência, em El Salvador, aumentou a presença policial e militar, e se habilitaram veículos de instituições públicas, chamados "picacheros" [topiqueiros], para assegurar a mobilidade das pessoas.